Há exatamente 46 anos, a 25 de novembro de 1975, Portugal viveu um dia de grande tensão político-militar, ficando à beira de uma guerra civil.
O 25 de novembro de 1975 foi um movimento militar levado a cabo pelas Forças Armadas Portuguesas que pôs fim ao Processo Revolucionário em Curso (PREC), que caminhava para uma ditadura de esquerda, e que conduziu Portugal para a estabilização de uma democracia representativa, em 1976 reforçada com a primeira constituição.
Num dos lados, estava a esquerda militar apoiada pelos comunistas. No outro lado estavam militares e apoiantes de um regime moderado, à direita do Partido Comunista, apoiados por Mário Soares do PS e por Francisco Sá Carneiro do PSD.
Durante o “verão quente” de 1975, os ataques às sedes dos partidos políticos multiplicaram-se. Os golpes sucederam-se e a decisão de escolher Vasco Lourenço para comandante da Região Militar de Lisboa, em substituição de Otelo, que os revolucionários viam como um chefe para a revolução socialista foi a “gota de água”.
Depois de um período de disputa pelo poder político-militar, durante todo o verão de 75, as forças democráticas (PS, PPD e CDS, na ala partidária, os moderados do Movimento das Forças Armadas e a Igreja Católica), que lutavam por uma democracia do tipo europeu, e as forças comunistas (PCP, extrema-esquerda e a Esquerda militar), que procuravam impor ao país um regime autoritário como nos países comunistas, enfrentaram-se em Lisboa.
O general Costa Gomes, Presidente da República, foi negociando com todas as forças políticas e militares, no Palácio de Belém, em Lisboa, para evitar um confronto que pudesse despoletar uma guerra civil.
Na madrugada desta nomeação de Vasco Lourenço, houve movimentações dos paraquedistas que ocuparam as bases de Tancos, Monte Real, Montijo e o Comando da Região Aérea, no Monsanto, em Lisboa. Esta revolta deveu-se ao avanço do grupo militar dos “moderados” que, há meses, preparava um plano militar para responder a um eventual golpe da esquerda radical.
A resposta veio com unidades ligadas aos moderados, nomeadamente os comandos, que reocuparam pontos estratégicos, evitando assim o golpe.
Os comandos cercaram as instalações da Polícia Militar em Lisboa, ocupada pelos revoltosos. Venceram as forças moderadas apoiadas pelos partidos PS, PPD e CDS que, com a garantia do PCP de que não tomaria qualquer ação direta no golpe, e, em poucos dias, a normalidade foi restabelecida.
Tomaram-se medidas que levaram à desmobilização popular, numa altura em que muitas pessoas começavam a cercar os vários pontos militares, o que poderia levar à distribuição de armas e a uma possível guerra civil.
Dia 26 de novembro, o Conselho da Revolução decidiu dissolver o COPCON (Comando Operacional do Continente) e ordenou a presença de todos os seus comandantes no Palácio de Belém.
A partir deste dia o processo de estabilização de uma democracia representativa, em Portugal, tomava forma.