Nove arguidos julgados por furtos de viaturas ao longo de dois anos. Mecânico liderava esquema que visava BMW e Renault Mégane. O Ministério Público (MP) acusa-os agora de crimes de associação criminosa, furto qualificado e falsificação de documentos.
Em pouco mais de dois anos, nove homens, todos ligados a oficinas ou sucatas, furtaram uma centena de carros, principalmente na zona do Grande Porto, noticiou o Jornal de Notícias. O grupo usava tecnologia de ponta para conseguir ultrapassar os alarmes das viaturas, muitas delas topo de gama, e pô-las a trabalhar. Os veículos eram desmantelados para peças ou viciados para serem vendidos. No total, o valor dos veículos furtados ascende a cerca de 1,5 milhões de euros.
Este era considerado pelas autoridades o grupo mais ativo no furto de veículos no Norte do País, chegando a roubar três ou quarto veículos por dia. Eram suspeitos de cerca de 300 furtos de carros, mas acabaram acusados por 91 casos.
De acordo com o Ministério Público da Maia, os indivíduos, com idades entre 25 e 49 anos, eram liderados por um mecânico, de 42 anos, de Matosinhos, atualmente em prisão preventiva. O homem que começou a desmantelar veículos com a ajuda de dois cúmplices, atualmente em parte incerta, montou, a partir do verão de 2016, uma nova organização com seis indivíduos.
O líder decidia onde os veículos seriam estacionados até serem viciados ou desmantelados e tratava das posteriores vendas. Também era ele quem contactava com pelo menos cinco oficinas onde mandava reparar veículos adquiridos como salvados, com peças provenientes de carros furtados.
Para obter informações sobre veículos e matrículas, o chefe contratou os serviços de um mediador de seguros que lhe permitia obter cartas verdes na hora e saber as características dos carros que pretendia roubar. Antes dos furtos efetuava vigilâncias para garantir que tudo era feito em “segurança”.
Ainda de acordo com o MP, os restantes membros do grupo tinham tarefas bem definidas. Um tinha como missão furtar os alvos e ajudar nos desmantelamentos. Outro apenas conduzia os carros do local do furto a um parque de estacionamento, onde, após troca de matrícula, ficavam alguns dias. Dois outros indivíduos mudavam os veículos de local e auxiliavam no desmantelamento.
Além de furtar carros para aproveitar peças, o grupo comprava salvados idênticos aos roubados. Os elementos de identificação dos salvados eram colocados nas viaturas furtadas e começava o processo burocrático de legalização da “sucata”. Depois de viciado, o carro era sujeito a inspeção extraordinária num centro de inspeção de veículos, em Valongo, de forma a fazer acreditar que o carro sinistrado tinha sido totalmente reparado e cumpria todos os requisitos legais para circular. Seguia-se a solicitação do documento único automóvel. Era vendido a preço do mercado.