Não, não estou a dizer que o estádio da luz tinha resistido melhor ao temporal, nem estou a dizer que ele não foi um excelente futebolista. Estou apenas a questionar-me e a questionar os outros. Todos nos lembramos das, no mínimo 25,5 horas por dia, que os canais dedicaram à transmissão das cerimónias fúnebres do nosso futebolista. Algo de utilidade questionável, na minha humilde opinião. Será que se o Eusébio fosse Ucraniano, a televisão pública cumpria a sua missão e informava os Portugueses? Será que hoje estavam mais sensibilizados para as ditaduras europeias que dissimuladamente se apelidam democracias? Será que criticavam tanto o nosso País? Será que não tinham mais amor a Portugal? Temos direito a ter uma população informada, não queremos uma população apenas entretida e acrítica, maioritariamente piegas, sempre parte do problema mas nunca com vontade de ser parte da solução.
Está uma revolução na rua! Ninguém fala disso? Há dezenas de pessoas a morrer. É uma revolução em nada comparável com a nossa, que foi em Abril, ou em Fátima, ou no Futebol, já não sei bem…
Tal como a Rússia, as grandes potências europeias não querem saber da democracia e do respeito pelos direitos humanos na Ucrânia. Igual atitude para com a democracia e os direitos humanos na Moldávia ou na Bielorrússia. A democracia interessa aos povos e ao povo que está a morrer nas ruas de Kiev. Não podemos esquecer que o que se passa na Ucrânia transcende a escolha entre uma aproximação à Rússia ou à UE e a Ucrânia tem hoje, como tinha no passado, um interesse económico e estratégico fundamental para muitos Estados, e não será certamente uma questão politica fácil de resolver ou mesmo agradável de manusear. Muita coisa está em jogo na Ucrânia. Muita coisa importante para os ucranianos. Mas, para a Europa, o que está em jogo é a história e um certo confronto entre o passado do domínio russo do leste europeu, e o futuro do domínio alemão por toda a Europa.
Na Ucrânia, a oposição está a pressionar a União Europeia e os EUA para imporem sanções contra o governo ucraniano, pois defender ser ele o responsável pela violência contra os manifestantes. Seja qual for o ponto de vista, a violência e as mortes não param de aumentar. Para quando uma tomada de posição bastante dura por parte daqueles que sempre se apelidam como os defensores da liberdade e das democracias?
Com tanto em jogo, e com tanta importância, acho sinceramente que merecemos mais informação útil e claro, temos o dever moral de colocar mais energia no afirmar da nossa posição. Pode ser que ainda entrevistem o deputado Andriy Shevchenko já que também foi jogador de futebol… ou que quando o país estiver órfão do seu povo, seja mais uma vítima da coadoção. Já cantavam os Madredeus, “haja o que houver, espero por ti” (Portugal).