Filipa Martins é a ginasta portuguesa mais medalhada na modalidade de ginástica artística. Começou a praticar ginástica aos 4 anos e nunca mais parou. Está neste momento em Estugarda, onde vai competir o seu sexto Campeonato do Mundo. O resultado pode garantir a presença nos Jogos Olímpicos de 2020. O Notícias Maia foi conhecê-la.
Notícias Maia (NM): Quais são as tuas expetativas para este Campeonato do Mundo?
Filipa Martins (FM): O principal objetivo é fazer prova limpa e tentar a qualificação para os Jogos Olímpicos em Tóquio no próximo ano. É tentar sempre fazer o melhor e ter o melhor resultado.
NM: Como funciona a preparação para um campeonato com esta importância?
FM: Todos os campeonatos são importantes, este claro que é um bocadinho mais importante. Às vezes ao colocarmos esta pressão e ao marcarmos muito a prova, acaba por ser mais stressante para nós e acaba por não correr tão bem. Começamos a preparação no início de agosto e depois treinamos bi-diário, sempre focados no objetivo do Campeonato do Mundo.
NM: Em relação ao nervos, já sentiste que te condicionaram em alguma prova?
FM: Acho que há provas que estou sempre mais nervosa que outras. Por exemplo, nas últimas duas Taças do Mundo, estava mais nervosa na nossa, em Portugal, do que na de Paris. Acho que é normal porque estamos em casa e sentimos as pessoas mais próximas. Queremos sempre fazer melhor para que as pessoas mais próximas de nós fiquem orgulhosas. Mas não tenho assim nenhuma prova que me tenha feito fazer muito mal pelos nervos. Vou conseguindo controlar.
NM: O teu nome escreve-se na história da ginástica a cada dia que passa. Sentes alguma pressão com isso?
FM: Acho que não é pressão. Eu adoro que as pessoas reconheçam o trabalho que eu faço diariamente, tento sempre dar o melhor de mim e fazer todos os dias mais e melhor. Por isso é muito bom que as pessoas reconheçam todo o trabalho e sacrifício que nós passamos aqui para dar o nosso melhor.
NM: Quais são as maiores dificuldades em ser ginasta em Portugal?
FM: Primeiro, ginástica não é uma modalidade que seja muito conhecida nem que passe muito nos media, por isso, muita gente de Portugal não conhece a nossa realidade. O mais difícil são mesmo os apoios para conseguirmos treinar todos os dias: a fisioterapia, que praticamente não temos o ano todo; ginásio e materiais de treino; alimentação; nutricionista; médico. É preciso todo esse apoio para que consigamos ser melhores e, às vezes, as pessoas só se lembram quando conseguimos atingir alguma meta. E só depois é que vêm apoios, quando nós tivemos que trabalhar este processo todo praticamente sem ajuda.
NM: Pensas em alguma coisa quando estás em prova?
FM: Não (risos). Quando estou mesmo a competir, acho que não. Antes tentamos sempre visualizar os exercícios que vamos fazer, tentar executar como temos treinado e com os pormenores que os nossos treinadores nos vão dizendo. Claro que nem sempre sai bem como aquilo que queríamos. Depois na altura não se pensa em nada, acho que sai naturalmente.
NM: Quais dirias serem os ingredientes para se ter uma carreira na ginástica?
FM: Primeiro é preciso gostar muito daquilo que se faz. Treinar sempre com alegria, manter o foco, a determinação, garra e resiliência.
NM: E qual é o objetivo que ainda queres atingir?
FM: O meu objetivo agora é conseguir apurar-me para os Jogos Olímpicos, depois é fazer a melhor prova possível e tentar a final.
NM: Agora vou ter que fazer a pergunda cliché. Existe Filipa sem ginástica?
FM: Acho que não (risos). Quando sair da ginástica gostava de continuar ligada à modalidade e ser treinadora. A ginástica é mesmo a minha paixão, aquilo que eu mais gosto de fazer.