António Azevedo é um artista plástico que, não tendo nascido na Maia, tem uma presença ativa na agenda cultural do município. Faz exposições há mais de 30 anos e em 2001 foi convidado a apresentar algumas obras na inauguração da Torre do Lidador. Agora, em comemoração simbólica do aniversário de inauguração, António Azevedo voltou a expor um conjunto de recortes daquele que é o “isqueiro” da Maia. Fomos conhecer o homem e o artista que confessa chegar a dormir quatro horas por noite e fez 43 quadros, mais precisamente maquetes de colagem, em apenas 3 meses.
Notícias Maia (NM): Qual é a história que esta exposição, com o tema da Torre do Lidador, conta?
António Azevedo (AZ): Há 18 anos eu tinha sido convidado para fazer a exposição de abertura. Nessa altura expus apenas 10 quadros. Desta vez, lancei mãos ao trabalho e consegui fazer, em 4 meses, 30 fotografias e 14 esculturas. Todo este trabalho se deve um pouco a um problema grave que tenho, eu sou doente bipolar. Tenho momentos graves de depressão que duram meses, mas depois, quando ressuscito, estou 5 ou 6 meses a produzir a uma grande velocidade. A doença bipolar tanto nos arrefece, como nos ilumina, e agora eu sinto-me iluminado. Não sei como estarei amanhã.
NM: Todas as suas fotografias são feitas através do processo de colagem?
AZ: A colagem surge porque os meus psiquiatras me aconselharam, em momentos de crise, a praticar ergoterapia. Ou seja, eu passava o tempo a fazer este tipo de recortes e assim não estava sempre a pensar em coisas que não existem. Quando percebi, era capaz de estar mais de 5 horas a fazer recortes, montagens e a ver o meu produto. Isso provocava logo o crescimento do meu ego e da minha autoconfiança. A partir daí nunca mais larguei as colagens.
NM: Qual tem sido a reação das pessoas a esta exposição?
AZ: Excelente! A maioria das pessoas já me conhece há anos. E depois tenho tido uma grande ajuda da comunicação social. É muito bom que nos reconheçam o trabalho e que o critiquem de forma construtiva e não destrutiva.
Artista convidada na exposição: Luísa d’Alte. 34 anos.
Luísa d’Alte é uma artista plástica de 34 anos. Na exposição “Torre Lidador 18+” viu duas obras, da sua autoria, expostas a convite de António Azevedo. Quando questionada sobre as duas esculturas, Luísa d’Alte explicou que fez uma pesquisa sobre a história deste marco e percebeu a “importância de José Vieira de Carvalho” – “Ao falar com as pessoas percebi que era um homem bem-disposto e que tratava todos com respeito”. Em relação às diferentes interpretações num trabalho plástico, Luísa d’Alte confessa que gosta de “saber as perspetivas das pessoas” porque “às vezes, quem vê de fora pensa sobre coisas que podem acrescentar significado à obra”.