As cristãs e os cristãos têm o dever de se envolverem na política, ou seja, revestidos duma intervenção política, por isso o “em”. Que a política não é, nem poderá ser, uma profissão, mas um serviço à causa pública, ouvimos, lemos e escrevemos. Aliás, nunca através dos séculos as cristãs e os cristãos deixaram o exercício público da política. É uma profissão de fé, que todas e todos temos que levar muito a sério. Sem querer ser juiz de ninguém, podemos através dos tempos e lugares – ainda hoje -, afirmar que existem cristãs e cristãos envolvidos de tal forma na política, que esquecem o seu dever de lutar pelos mais necessitados, pelos excluídos, quaisquer que eles sejam. Ao tomar nota da sua condição de cristão, o político reveste-se da fraternidade, da solidariedade, e faz da sua vida uma constante doação ao amanhecer público. Mas não faz uma carreira, a doação não é uma carreira, em qualquer matéria, mas a constante mais extraordinária de se dar aos seus concidadãos, de os tomar como sua família. Uma adoção de quem não conta com benesses, muito menos com corrupção.
Aliás a corrupção é para todas e todos os cristãos um pecado contra a humanidade, tirar proveitos da ação política duma forma absurda, interesseira e surripiando o dinheiro que é de nós todos, torna-se ignóbil. Torna-se indigno da sua condição como cristão. O Evangelho de Jesus não ensina isso. Às vezes coloca-se em questão se Jesus foi um político ou não, penso que foi – até pagava os seus impostos e das suas amigas e amigos -, mas de uma mensagem libertadora. Diz São Paulo que somos libertos para a liberdade em Jesus, morto e ressurreto. Isso é uma atitude também política, embora a sua Criação seja tão livre e misericordiosa, que não a entendemos. Jesus é pobre, com os pobres, para libertar os pobres, por isso assume uma atitude política e até -diga-se-, partidária. Porque está ao lado, luta por um lado, embora com a caraterística de não ver nos outros que não agem e pensam como Ele, pessoas sem dignidade.
Às vezes aparece no nosso burgo a confusão entre o exercício da política e animosidade por quem não pensa como nós. Em Jesus isso não se dá! Outras vezes o conflito é tal, que nos pretendemos imiscuir e “atacar” o adversário de forma insultuosa, só porque existem vivências afetivas. E isso também é corrupção, por muito que nos custe. Usar a afetividade como arma, para desarmar aquele que designamos como adversário, é perverso, sintomático daqueles que da polis da cidade uma adversa. No meu entendimento de cristão que sou, existe conflito entre a ética moral e a perversidade, quando atentamos contra alguém só porque existe afetividade, que gera amor. Ser contra o amor não é de cristão, e as armas utilizadas são mesmo de pólvora matizada de raiva de não chegar onde se quer.
Mas tiremos as nossas reflexões destes casos. Queria falar dum cristão doado às causas das populações e que agora se candidata à liderança maiata de um partido político. Este homem é de uma generosidade sem par, duma consistência moral e ética que já não são comuns. Falo do meu amigo e médico Dr. José Andrade Ferreira. Ser cristão para ele é nunca se esquecer dos mais necessitados, apagando os seus males físicos, psíquicos e até financeiros. Por isso, com a sua doação total, se dá, para fazer o seu papel de con-criador. Andrade Ferreira terá para esta terra, onde resido, uma mensagem de esperança, e fará -como tem feito-, a lisura transbordar do diálogo entre as pessoas. Fará da política maiata uma constante força de desbloqueio e onde só a amizade terá lugar. Será sempre um cristão em política. Bem-haja, Dr. José Andrade Ferreira, pela sua doação, que sei que é cristã e que leve Esperança a tantos desesperos.
Joaquim Armindo