O lar Amanhã da Criança é uma das vítimas deste vírus altamente infeccioso que está a matar milhares de pessoas por dia.
Não estávamos preparados. Ninguém estava preparado. O lar situado na Maia também não.
Nos últimos 15 dias tudo mudou. O vírus que começou a propagar-se na China no fim de 2019 chegou ao velho continente e começou a fazer o que mais gosta, a viajar de portador para portador e rápido.
Silencioso e mortal, por onde passa, faz vítimas e continua o seu caminho. Em Portugal, dos casos que sabemos, afeta já mais de quatro mil pessoas, um número que já é suficiente para infetar toda a população do país.
Na Maia está a chegar às 200.
No Amanhã da Criança o vírus instalou-se em 37 pessoas, entre funcionários e utentes, e tirou a vida a dois idosos.
Na corrida contrarrelógio que é o combate a este vírus e face à falta de respostas e adiar de soluções, o responsável pela residência sénior viu-se a desesperar. A solução apareceu, por fim, com a intervenção da autarquia que realojou os idosos num hotel no centro da Cidade da Maia.
À porta do hotel, já por volta da meia noite, devidamente equipados, os guerreiros respiraram um pouco de alívio. Pelo menos o impasse foi ultrapassado.
Nas imediações do hotel, já na madrugada de sábado, por entre o silêncio e as ruas desertas, a ansiedade paira no ar. Nesta batalha, os guerreiros combatem escondidos em casa.
Ninguém tinha planeado uma sexta-feira à noite assim.
Nesta incerteza do que será o futuro, sabemos que amanhã é outro dia de combate.