“O que é preciso é ter saúde” diziam-nos os nossos avós.
De igual modo quando nos cruzávamos com pessoas idosas na rua:
– “E então como vai a vida?”
– “A vida vai bem, sabe como é uns dias melhores outros dias piores”
-“E com a família todos de boa saúde?”
– “ Sim felizmente sim”
– “Óptimo o que é preciso é ter saúde, o resto resolve-se”
-“ É isso mesmo” …terminávamos nós, enquanto pensávamos que não, o que era preciso não era só ter saúde, mas também uma conta bancária recheada, um bom trabalho, uma casinha, alguém que nos ama e todo aquele somatório de parâmetros com que cada um de nós idealiza uma vida perfeita.
Depois surge-nos uma ameaça global em forma de coronavírus, a infectar milhares de pessoas, altamente contagioso, que de forma avassaladora se espalhou e nos colocou a todos em isolamento social, com receio de contaminar o próximo. E então lembramo-nos daquela frase pro forma que ouvíamos incessantemente aos mais velhos, quase em jeito de lugar- comum.
De um momento para o outro um simples abraço ou aperto de mão transformou-se numa arma de guerra. Letal em alguns casos. Uma arma que ao contrário de outras não exige um acto voluntário do agente em utiliza-la e por isso é tão perigosa. E nos torna a todos potenciais vítimas e criminosos.
É a vida como sempre a pregar-nos peças. E a provar-nos em sentido macro que algo tão minúsculo como um vírus pode parar um país. Mesmo que seja dos mais poderosos do ,undo. E em sentido micro, que de nada nos vale os valores que temos no Banco, os Imóveis e móveis que temos e o número de influências que movemos, quando a ameaça não se compra. Talvez a cura.
O impacto social e laboral da pandemia será imensurável. Hoje temos inúmeros países, sobretudo na Europa, em estado de emergência para evitar a propagação do vírus. As consequências económicas do decretamento prevêem-se devastadoras. Contudo a previsível e subsequente crise é vista como um mal menor quando está em risco a vida das pessoas, principalmente devido ao envelhecimento demográfico da população.
E os Estados servem a população. De momento tentam manter-nos sãos enquanto mitigam os efeitos de uma crise. Um equilíbrio que deve ser feito sob pena de termos sobreviventes sem comida para pôr na mesa.
Afinal os nossos avós é que sabiam, o que é preciso é mesmo ter saúde. O resto resolve-se? A ver vamos.
O mundo parou, mas a vida continua.
A autora escreve segundo a antiga ortografia
Angelina Lima