Neuza Rodrigues, Né para os amigos, tem 32 anos e está há dois meses a trabalhar em Malta. Maiata de gema, Né saiu do país à procura de novos desafios profissionais e pessoais. Em Portugal dividia o seu tempo entre a Cultura da Câmara Municipal e a influência digital onde soma mais de 40 mil seguidores. Agora em Malta, trabalha na comunicação da Betclic e procura novos caminhos de influencer além-fronteiras. O Notícias Maia foi conhecer este Maiata pelo Mundo.
Notícias Maia (NM): Como é que começa esta aventura fora do país?
Né Rodrigues (NR): A minha vontade de sair de Portugal existe há alguns anos. Desde os 24 anos que viajar se tornou a minha prioridade e não largava a ideia de viver noutros países, treinar o meu inglês e conhecer novas pessoas. Aproveitava todos os momentos e poupanças que tinha para conhecer mais um país. Mas como tinha uma carreira de sucesso com a dança no meu país e entretanto também como influencer com o @ne_rodrigues_, fui ficando sempre mais um pouco em Portugal.
NM: Em que é que pensaste quando tomaste a decisão de trabalhar fora do país?
NR: Em começar uma vida nova, experimentar trabalhar noutro emprego, aumentar os meus conhecimentos, fazer amigos noutros países, melhorar os meus conhecimentos de línguas. Outra coisa que me interessava muito era viver num lugar mais quente, visto que sou apaixonada por calor e sofro muito com o frio. E também perceber o que conseguia fazer com a minha carreira de influencer noutro país: novas marcas, novos eventos, entre outros.
NM: Porquê Malta?
NR: Em agosto de 2019 estava numa das minhas pesquisas por viagens baratas (sempre a querer viajar mais) e acabei por comprar 3 dias em Malta. Quando cheguei ao país apaixonei-me. A comida é maravilhosa. As praias lindas. E é um sítio com muita história. Ao conhecer as pessoas locais, todos me falavam das oportunidades de emprego na ilha e me diziam que eu era muito bonita ou que era muito comunicativa e uma série de coisas fofas que me pareceram mais do que uma coincidência. Quando regressei a Portugal comecei a investigar tudo sobre o país. E a ver oportunidades de emprego. Entretanto entrei num grupo de portugueses em Malta no Facebook e comecei a organizar-me.
NM: Apesar de estares em Malta há pouco tempo, como é que tem sido a tua vida num novo país?
NR: As últimas semanas foram de quarentena por isso muito solitárias, muito tristes e até surreais. Antes disso, o primeiro mês, foi incrível. As empresas tratam-nos muito bem, a Betclic tem um sistema de recursos humanos incrível. Os portugueses cá acolheram-me logo e já fui fazendo vários amigos. O início não é fácil. Ter que encontrar casa, as saudades do nosso país, mas Malta faz tudo parecer muito mais fácil e fez-me sentir logo bem.
NM: Quais foram as maiores diferenças que notaste entre as pessoas de Malta e os portugueses?
NR: Os malteses de raiz são mais antiquados e discriminatórios que os portugueses e são conhecidos mesmo por isso. Ainda estão um pouco atrás da nossa mentalidade e têm uma base religiosa muito forte. Onde notei bastante isso foi no contacto com as Influencers maltesas: elas nem sequer respondem, ignoram completamente. As marcas também são muito mais arrogantes. Contudo, nós estrangeiros só convivemos com outros estrangeiros e estes são claro muito diferentes. Estamos cá todos para nos divertirmos, vivermos de praia, comida boa e festas em Paceville e de preferência ganhar melhor que nos nossos países. Por isso a mentalidade é muito divertida.
NM: Existem parecenças na vivência das pessoas em Malta e em Portugal?
NR: Depende muito das zonas de Malta. Mas Sliema e S Julian’s, que são zonas muito turísticas e habitadas por muitos estrangeiros, acho que são muito diferentes de Portugal. O ambiente é mais descontraído: as pessoas saem para a Happy Hour todos os dias, estão mais nas ruas, comem quase sempre fora, fazem muito desporto nas praias e na linha do mar. Existe um estilo de vida mais cosmopolita mas misturado com aquele ambiente descontraído de praia. É como se todos os dias estivessem numas férias em Vilamoura. No interior da ilha vemos muito uma vivência de aldeia, aí sim talvez mais parecida com as nossas aldeias portuguesas. A moda cá é muito influenciada por Londres e Itália, bem como a comida e nessas áreas vemos ainda um maior contraste com Portugal.
NM: O que é que Malta tem de melhor?
NR: As praias, a comida, as festas, o lifestyle. Toda a gente fala inglês na ilha o que também é ótimo. E os bons preços em tudo, semelhantes aos portugueses, mas com melhores ordenados. A beleza da ilha é inacreditável e existem muitos espaços para passeios e piqueniques, sem pessoas nem casas, só a beleza do mar.
NM: Imaginas-te a viver fora do país a longo prazo?
NR: Neste momento nem me imagino a voltar. Inicialmente pensei em vir apenas 9 meses e depois usar esta experiência e conhecimento para o meu antigo emprego no meu país. Acredito que ainda possa mudar de ideias pelas saudades de casa. Mas a perguntarem-me agora não me quero ir embora. Quero lutar pela minha carreira cá e espero até trazer a minha prima e a minha melhor amiga para Malta também. Até porque não acho que Portugal esteja em boas condições económicas e sociais em 9 meses com tudo o que estamos a viver no mundo. Talvez venha a sair de Malta, mas espero que para outro país. Quero continuar a crescer como pessoa e como profissional. Ao morrer um dia, quero sentir que vi o mundo e que deixei família em todos os cantos.