Depois de testarem positivo por duas vezes e de serem considerados recuperados, há pessoas na China que estão a testar positivo novamente, mais de 50 ou 60 dias depois, sem qualquer sintoma.
Os médicos chineses em Wuhan, onde o vírus surgiu pela primeira vez em dezembro, afirmam que há um número crescente de casos em que as pessoas recuperam do vírus, mas continuam a apresentar resultados positivos sem mostrar sintomas. Atualmente, os pacientes na China recebem alta após dois testes negativos, separados por pelo menos 24 horas e se não apresentarem mais sintomas. Alguns médicos querem que esse requisito seja aumentado para três testes ou mais.
Segundo a Reuters que cita médicos Chineses, todos estes pacientes tiveram resultados negativos nos testes realizados após o período de recuperação, mas depois apresentaram novamente resultados positivos. Alguns deles até 70 dias depois e muitos entre 50 a 60 dias após serem declarados curados.
A China não publicou números precisos para o número de casos que se enquadram nesta categoria. Apesar disso, as informações dadas por hospitais chineses à Reuters, assim como a outros jornalistas, indicam que existem pelo menos dezenas de casos. Até o momento, não há confirmação de pacientes que voltaram a testar positivo que tenham infetando outros, segundo autoridades de saúde chinesas.
A possibilidade de algumas pessoas permanecerem positivas, e portanto potencialmente infecciosas, é motivo de preocupação internacional, pois muitos países querem terminar os confinamentos e retomar a atividade económica à medida que a disseminação do vírus diminui. Atualmente, o período de isolamento recomendado após a exposição é de 14 dias.
Na Coreia do Sul, cerca de 1000 pessoas estão consistentemente a testar positivo há quatro semanas ou mais. Na Itália, o primeiro país europeu a sofrer os efeitos da pandemia em larga escala, as autoridades de saúde notaram que alguns pacientes com coronavírus podem dar positivo para o vírus durante cerca de um mês.
Especialistas e médicos estão a tentar explicar por que razão o vírus se comporta de maneira tão diferente nessas pessoas, que voltam a testar positivo passadas várias semanas. Alguns sugerem que estes pacientes foram de alguma forma reinfetados com o vírus, o que faria cair por terra as esperanças de que as pessoas contagiadas pela COVID-19 produzissem anticorpos que os impedissem de ficar novamente doentes com o vírus.
Zhao Yan, médico de medicina de emergência do Hospital Zhongnan de Wuhan, disse estar cético quanto à possibilidade de reinfecção com base nos casos nas suas instalações, embora não tenha provas concretas. “Eles são observados de perto no hospital, estão cientes dos riscos e ficam em quarentena. Desta forma eu tenho certeza que eles não foram infectados novamente”.
Jeong Eun-kyeong, diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia, disse que o vírus pode ter sido “reativado” em 91 pacientes sul-coreanos que testaram positivo depois de terem sido declarados negativos.