Portugal e os Portugueses têm sido eleitos como exemplos sucessivos pela prática constante de tarefas semelhantes às dos parceiros Europeus com um custo tremendamente inferior. Este custo associa-se na maioria das vezes a uma falta de recursos, e a uma sobrecarga dos recursos existentes que ameaçam tornarem-se crónicos.
Na saúde, como noutras áreas da sociedade, temos sido um exemplo.
É sabido que por cá a saúde ocupa cerca 10.2% do PIB, estando esse valor acima da média europeia que se cifra nos 8,5% do PIB. Contudo, quando se observa directamente para o custo per capita em gastos de saúde na União Europeia, encontramos valores inferiores em cerca de 20% aos da média Europeia, segundo revela um estudo da Organização Mundial de Saúde e do Observatório Europeu realizado em 2012 e recentemente publicado.
Importa saber que a despesa pública relativamente à saúde se mantém inalterada desde 2008 nos 65% da despesa total, tendo em 2012 registado uma pequena inflexão para 62,6% da despesa total. Para isto, em muito contribuiu o controlo dos custos com medicação e a lei dos genéricos.
Espante-se, no entanto, o leitor que este valor continua a ser inferior à média Europeia que se cifra em 72,3% da despesa total em saúde.
Claro está que para atingir estes valores, o SNS, segundo este relatório, depois de um crescimento sustentado até 2010, tem vindo a decrescer em todas as suas valências desde então.
Os autores sublinharam um dado muito importante no que diz respeito aos impactos destes números, afirmando que a saúde mental e os grupos mais vulneráveis foram os que mais sofreram com esta evolução apresentada.
Efectivamente, a saúde é dos pilares fundamentais da nossa sociedade, pelo que a manutenção do SNS, deve ser o porta-estandarte de qualquer governação democrática. Habituamo-nos a ser excelentes, mas agora que deixamos de ter posses, nada nos impede de continuar a ser igualmente bons. Carecem políticas reformadoras agora que já se cortou o que havia para cortar. Politicas que para além de reformar tragam motivação a todos os seus intervenientes, que desta forma sejam capazes de introduzir valores e competências que só se adquirem quando suamos uma camisola que envergamos como nossa.
O corte já esta feito, haja agora forma de ver mais longe com reformas e empreendorismo que tão bem caracteriza os Portugueses.
Ricardo Filipe Oliveira
Médico
Mestre Eng. Biomédica (FEUP)
Lic. Neurofisiologia (UP)
Não escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.