1.- Hans Küng, teólogo e filósofo alemão interpreta a questão da ética de acordo com os paradigmas da sustentabilidade, embora não escreva este vocábulo, como o principal fator para o atingir da plenitude do desenvolvimento humano. Corelaciona Küng (1996) a ética e a moral, quando escreve: “ “ética” (ramo de saber ou disciplina que se ocupa da conduta humana, dos seus valores e motivações, bem como dos seus fins) e se aproxima mais do termo “moral” (que designa frequentemente códigos, costumes e condutas de indivíduos ou grupos, bem como um aspeto da natureza humana) ” (página 9). Defende neste seu livro “Projecto para Uma Ética Mundial” (1996), que a humanidade para chegar a um “programa de ação” a realização de três axiomas: “a vida humana em sociedade é impossível sem um ethos mundial entre todas as nações; é impossível haver paz entre as nações sem paz entre as religiões; é impossível haver paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões.” (página 241).Sendo necessário definir um ethos para toda a humanidade, porque se torna evidente que o mundo “só poderá sobreviver, se nele coexistirem, espaços éticos díspares, antagónicos e mesmo rivais.” Por isso mesmo o escritor afirma que: “Este nosso mundo precisa de um ethos nosso como referência de base; a sociedade mundial não carece, na realidade, de uma religião ou de uma ideologia únicas ou unificadas, mas sim de determinadas normas, valores, ideais e objetivos de caráter vinculativo.” (página 11)
2.- A determinada altura toma posição perante sistemas sociais que se propunham ser a base de uma sociedade baseada num confronto de antagónicos: “Pois os dois sistemas sociais tipicamente modernos e antagónicos, o comunismo (socialismo) e o capitalismo (liberalismo), devem ser considerados como irremediavelmente comprometidos e ultrapassados.” (página 38). E, quase que adivinhando a “crise” que passamos, coloca a ética como um determinante para uma séria profilaxia: “A Ética, ainda que circunscrita temporal e socialmente, não deveria apenas consistir numa reflexão em tempo de crise; quem observa constantemente pelo espelho retrovisor o troço de estrada percorrido, esquece-se de olhar para o caminho a percorrer, à sua frente. A Ética – mediante e elaboração de prognósticos de crise, que têm em conta a pior das possibilidades (H. Jonas) – devia servir de profilaxia da crise.” (página 40).E nela define as “chaves da inovação”, como “a reconversão do armamento”; “a eco técnica”; “a tecnologia do aproveitamento dos recursos energéticos”; “a fusão nuclear”; “a invenção de novas matérias-primas”; “estruturas de parceria e inovação”; “integração ativa de idosos”, nos “sistemas de ensino, economia e política”, para forjar um mínimo de valores, normas e atitudes comuns, que reúna a concordância de todos. Mas o que significa este “consenso mínimo”, é o que pressupõe:
3. – Trata-se da “sobrevivência da sociedade humana”, porque sem um “ethos humano”, que reúna esse consenso, em termos concretos: “o sentido da resolução não violenta dos conflitos, não é possível a paz ao nível interno; a vontade da submissão a uma ordem e a lei determinadas, não é possível a manutenção de uma ordem económica e jurídica; a concordância implícita dos cidadãos e cidadãs envolvidos não é possível garantir a sobrevivência das instituições.” (página 79). Até porque o “mal” das ciências naturais e da tecnologia, não é resolvido por mais ciência e tecnologia, dado que: “o pensamento científico e tecnológico é de facto suscetível de destruir um ethos tradicional e alheado da realidade, e grande parte da imoralidade que se propagou durante a época moderna não é o resultado da má-fé, mas dos “efeitos secundários” e indesejados da industrialização, urbanização, secularização e desresponsabilização organizada. Mas as ciências da natureza modernas e pensamento tecnológico moderno mostram-se incapazes, desde o início, de fundamentar valores universais, direitos humanos e padrões éticos. Contudo, as Ciências da Natureza – e isto deve ser valorizado como positivo – acabaram, entretanto, por se relativizar a si mesmas, nomeadamente: através da teoria da relatividade de Einstein, do princípio da incerteza de Heisenberg, do teorema da não integridade de Gödels…” (páginas 82-83)
4.- Para este “seu programa”, rumo a um “Projeto para uma Ética Mundial”, precisará: “ …em resumo, precisamos de políticos, diplomatas, empresários, funcionários e também de cientistas que possuam não só cada vez mais conhecimentos básicos de caráter quantitativo e estatístico, mas igualmente conhecimentos profundos de natureza histórica, ética e religiosa. A transmissão de conhecimentos, sem valores de referência, induz em erro.” (página 237)
Bibliografia: Küng, Hans (1996). “Projecto para Uma Ética Mundial”. Instituto Piaget. Lisboa. 1996
Joaquim Armindo
Doutorando em Ecologia e Saúde Ambiental
Mestre em Gestão da Qualidade
Diácono da Diocese do Porto
1 comentário
Hans Küng poderia começar por si próprio. Dou um exemplo. Em a obra «ISLÃO: PASSADO, PRESENTE E FUTURO», cita textos do Vaticano II, truncados, com conclusões completamente opostas ao que os textos pretendem transmitir. E só os espíritos avisados poderão rebater os seus argumentos e não se deixar enredar por eles. A propósito da « CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
LUMEN GENTIUM SOBRE A IGREJA», 16, o teólogo induz em engano os leitores fazendo-lhes crer que o texto conciliar admite implicitamente que no Alcorão «Deus falou aos homens». Usa aspas, trunca, e falta à verdade. Tudo com o propósito de se apresentar como o arauto da ética mundial. Por outras palavras. Se Deus falou aos homens, aos irmãos muçulmanos, então, Maomé é um profeta de Deus. São também preocupantes algumas palavras da Santa Sé recentes encíclicas a propósito de Maomé .
Rezemos todos pelo Papa e pela Igreja. São Paulo seja a nossa inspiração:
«Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Gálatas 1:8»