Várias personalidades ligadas ao turismo do Norte mostraram o seu descontentamento relativamente aos planos de retoma da atividade da TAP. Uma tomada de posição que critica fortemente as decisões da transportadora aérea nacional.
No final desta manhã de 26 de maio, autarcas e personalidades do Norte de Portugal reuniram para uma tomada de posição oficial relativamente às recentes decisões TAP. A conferência de imprensa teve lugar na Maia, no Salão Nobre da Câmara Municipal, e culminou numa conclusão conjunta de que a transportadora aérea estará a excluir o Norte de Portugal numa altura em que pede ajuda nacional para colmatar problemas financeiros.
Nos planos de retoma da atividade da TAP existem apenas 3 voos semanais Porto-Lisboa, dos 27 voos anunciados. No mês de junho não existirá nenhum voo internacional de e apara o Aeroporto Francisco de Sá Carneiro ditando que o Aeroporto do Norte representará apenas 11% da operação da TAP no mês de junho. A TAP diz que estes planos representam “a procura atual do mercado”.
Na conferência de imprensa e a falar aos jornalistas estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal da Maia, António da Silva Tiago, o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa, o Presidente da Câmara Municipal da Vila Real, Rui Santos, e também Luís Pedro Martins, presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal.
Os presidentes das Câmaras Municipais de Matosinhos, Braga, Vila Nova de Famalicão e Caminha não compareceram na conferência mas foram citados como estando em “total sintonia” com que haveria de ser dito.
“Uma humilhação para a região Norte”
Luís Pedro Martins foi o primeiro a usar a palavra e assumir também o papel de moderador. O presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal explicou que a afirmação da TAP de que estes planos de retoma vão ao encontro “da procura atual do mercado” não é verdadeira dando exemplos de várias companhias aéreas estrangeiras que equacionaram a retoma da atividade com vários voos de e para o Aeroporto Francisco de Sá Carneiro.
“Fique claro que a TAP só tem sentido se trabalhar como empresa que presta um serviço a todo o país já que é com o dinheiro de todo o país que a TAP vai sobrevivendo“, acrescentou. “Esta atitude da TAP é absolutamente inadmissível e é mesmo uma humilhação para a região Norte, uma humilhação para o país”, concluiu.
“O senhor Primeiro Ministro deve intervir neste processo”
O Presidente da Câmara Municipal da Maia afirmou que se a TAP reduzir a sua operação no Norte então perde o direito de ser ajudada financeiramente por todo o país. “Todos seremos chamados a assumir por igual a nossa quota parte na salvação da TAP da mais que certa situação de falência“, afirmou António da Silva Tiago acrescentando que se a TAP excluiu o Norte do futuro, estão deixara de ser uma empresa estratégica nacional.
“O senhor Primeiro Ministro deve intervir neste processo e pôr ordem nesta desordem“, conclui o autarca.
“Incorporem a TAP na Carris e façam o que quiserem, não façam é de nós tontos”
O Presidente da Câmara Municipal do Porto foi o mais duro na crítica à TAP. Rui Moreira afirmou que TAP sempre teve um “carácter colonial” e que, também há 4 anos, quis abandonar algumas rotas no Porto, voltando a apostar no Norte aquando do crescimento e notoriedade que a Região Norte foi ganhando.
“A TAP está a tentar impor um confinamento ao Porto e ao Norte“, começou por afirmar. “Na altura em que o país mais precisa, a TAP abandona o país. Porque estar só em Lisboa é abandonar o país”, assumiu Rui Moreira.
O autarca acusou a TAP de não ser “nem carne nem peixe” explicando que “é uma empresa privada quando quer tomar decisões e uma empresa publica quando quer que os portugueses paguem os seus vícios“.
“Incorporem a TAP na Carris e façam o que quiserem, não façam é de nós tontos”, sugeriu o autarca depois de sublinhar que a tranportadora aérea estaria sempre mais virada para Lisboa. Rui Moreira lembrou ainda que esta região “foi aquela que mais contribuiu para o crescimento da produtividade nacional” e que, também por isso, foi uma das mais afetadas pela pandemia.