Autarcas acusam a transportadora de viabilizar Lisboa à custa do Sá Carneiro
Os números são fornecidos pela consultora OAG e demonstram que em 2019, 6,3% do tráfego total da TAP, ou seja mais de um milhão de passageiros, foi desviado para Lisboa de maneira a alimentar outros voos de passageiros. Desses, 600 mil foram desviados do Porto e 400 mil do Funchal.
Praticamente um em cada dez passageiros do Aeroporto Francisco Sá Carneiro teve de passar na capital para chegar ao destino final. Mesmo assim, o plano de retoma de rotas da TAP em agosto prevê o restabelecimento de apenas quatro ligações para o Porto. Os passageiros que já tinham viagem marcada estão a ser transferidos para Lisboa sem serem consultados. Chegados à capital, a TAP irá proporcionar um voo ligação para o Sá Carneiro.
“A TAP tem hoje menos voos no Porto do que em 2015, descontando a ponte aérea”, garantiu Rui Santos, autarca de Vila Real, citado pelo Jornal de Notícias. “A estratégia da TAP é maximizar Lisboa, saturando a Portela”, acrescenta.
Eduardo Vítor Rodrigues, da Câmara de Gaia, também em declarações ao Jornal de Notícias, considera que se trata de “um gozo, quando não emendaram as rotas para junho e julho e apresentaram agosto com mais uma rota no Porto, como se fosse um rebuçado”. O autarca atira ainda que “é melhor deixar de viajar na TAP”.
Norte critica TAP
Seis entidades do Norte escreveram na última semana ao Conselho da Administração da TAP, censurando o processo de retoma da atividade da transportadora aérea e garantindo que a região vai exigir proporcionalidade nesse processo.
A carta é subscrita pelos presidentes do Conselho Regional do Norte, Miguel Alves, da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, da Associação Empresarial de Portugal, Luís Miguel Ribeiro, da Associação de Têxteis de Portugal, Mário Jorge Machado, e da Associação dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos e Afins de Portugal, Rafael Campos Pereira.
No documento, enviado também ao primeiro-ministro, estas entidades sublinham que o Norte de Portugal se sente “humilhado” com a decisão da Comissão Executiva da TAP, que “aponta para uma desproporção gritante entre a retoma de operações no aeroporto Humberto Delgado e os restantes aeroportos do país, em particular o aeroporto Francisco Sá Carneiro”.
Recorde-se que a TAP tem vindo a ignorar os apelos dos autarcas do norte, que já a 26 de maio tomaram uma posição oficial relativamente às recentes decisões que concentram a operação da companhia aérea em Lisboa. A conferência de imprensa teve lugar na Maia, no Salão Nobre da Câmara Municipal, e culminou numa conclusão conjunta de que a transportadora aérea está a excluir o Norte de Portugal, numa altura em que pede ajuda nacional para colmatar problemas financeiros.