Agora que o ano lectivo já entrou em velocidade de cruzeiro com todas as vicissitudes que lhe conhecem, como a falta de operacionais, turmas lotadas num lado, e em escassez noutro, já muito partilhadas, e repartilhadas por muitos, julgo que será interessante reflectir sobre outra perspectiva educativa.
Numa altura em que se falam de reformas para tudo e para nada, sem que se perceba muito bem como e onde se quer chegar. Numa altura em que se acredita cegamente no sucesso da palavra reforma apenas como palavra sem acto associado, partilho um dos exemplos melhores conhecidos e mais bem sucedidos da actualidade europeia: o modelo Dinamarquês.
Certo é que, eu próprio me massacro, pois ao reflectir sobre o assunto compreendo o quanto posso estar a errar na educação dos meus, e nos conselhos que vou dando em consulta para a educação dos outros… mas nada melhor como conhecer outro modelo para reflectir e decidir… em consciência.
A experiência que vos apresento conta com 13 anos efectivos a ensinar crianças, dentro da cultura dinamarquesa, e, espante-se que começa por um princípio tão simples como a prioridade do ensino: o deixar Brincar! Isto é sozinho, ou acompanhados, as crianças devem brincar como bem lhes apetecer. E não… não se trata de ter uma actividade organizada por um adulto, ou um desporto qualquer. Deve ser o acto puro, simples e leve de apenas … Brincar. Este Brincar nunca é encarado como um desperdício de tempo. Pelo que se conta esta liberdade na brincadeira cultiva sentimentos nas crianças como resiliência, menor ansiedade e maior capacidade de lidar com o stress, e até fazê-lo de forma diferente.
Outro dado curioso prende-se com a programação televisiva de animação infantil dinamarquesa, que frequentemente promove finais trágicos ! Sim leu bem, segundo os investigadores, este tipo de cenários promove honestidade sentimental e intelectual, sendo o primeiro passo para reconhecer as nossas emoções boas e más. Os investigadores referem que desta forma as crianças são menos influenciadas por opiniões externas aprendendo a reconhecer elogios verdadeiros. Por exemplo, mesmo quando se elogia, o elogio não deve ser arbitrário, mas deve centrar-se mais na tarefa que a criança realiza, e não sob a própria criança.
Outro dos aspectos muito importante neste modelo é o de levarem a empatia muito a sério… Só nos colocando na posição dos outros estaremos em posição de evoluir, referem.
É nesta mescla de brincadeira e sentimento de responsabilidade individual e social que assenta o modelo dinamarquês. Princípios simples, mas com aparente dificuldade de implementação … mas se pensarmos bem… basta reflectir.
A terminar não posso deixar passar o meu reconhecimento por mais uma decisão política acertada no concelho da Maia. De uma zona praticamente abandonada, esperando por estruturas desportivas que não surgiram por irresponsabilidade orçamental dos sucessivos governos, a Câmara Municipal da Maia arregaçou Mangas e irá transformar a zona anteriormente abandona, numa nova zona desportiva que muito provavelmente irá reabilitar aquela zona urbana.
As cidades têm vida, e a sua vida depende sempre dos seus intervenientes, quer ao nível da decisão, quer ao nível da implementação. Mais uma vez a Maia surge à frente do seu tempo, implementando uma zona que irá servir a população, chamando a si o desporto como forma de promoção da saúde e do bem estar da população Maiata.
Parabéns aos que se dedicam ao bem populacional. Parabéns ao executivo, e parabéns aos maiatos. Sempre a Sorrir!
Ricardo Filipe Oliveira,
Médico;
Doc. Universitário UP;
Lic Neurof. UP;
Mestre Eng. Biomédica FEUP,
Não escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.