Proprietário explica que tinha demasiada “comida em stock e queria doá-la a grupos e pessoas vulneráveis na vizinhança”.
O estado de emergência declarado em Espanha obrigou ao encerramento dos estabelecimentos de restauração, incluindo o restaurante La Lusitana Tasca. Com excesso de comida em stock, o proprietário decidiu doar os alimentos “às famílias carenciadas de Cabanyal [um bairro de Valência] durante o estado de alerta”, segundo avançou o jornal espanhol El Mundo.
O restaurante acabou por ser multado em 4200 euros, pelas autoridades espanholas, por ter distribuído comida aos mais carenciados.
Num vídeo divulgado pela associação nas redes sociais, o dono do restaurante explicou entretanto, num vídeo publicado nas redes sociais, que contactou a Cruz Vermelha, o posto de saúde do bairro e a até a Polícia “para saber qual era a melhor forma de o fazer [distribuir os alimentos]”, tendo acabado por, no dia 17 de março, distribuir 84 rações alimentares a famílias da associação Brúfol e Espai Veïnal.
Segundo o dono do restaurante, a distribuição foi feita a um representante por família, que manteve sempre uma distância segura e tudo foi realizado sempre com máscara.
Polícia local encerrou a atividade
A atividade de distribuição acabou por ser encerrada no mesmo dia pela polícia local, que, segundo o proprietário, chegou com um “tom ameaçador a dizer a um colega voluntário que deixasse de ser bom samaritano”.
“Não estávamos a fazer nenhuma atividade ilegal, o BOE [Boletim Oficial do Estado] autorizava, mas o polícia disse que não queria saber o que dizia o BOE e que se não tivéssemos autorização da Delegação do Governo não poderíamos fazer tal coisa, acrescentou o responsável.
Autarca de Valência diz que “não faz sentido multar quem distribui solidariedade”
No vídeo publicado, o proprietário garante ainda que continuaram a usar o restaurante para distribuição de alimentos doados e considerou “abuso de autoridade”, enquanto apelou à autarquia de Valência “que se dê conta de que foi um erro”, porque só ajudou “pessoas que não tinham nada no Cabanyal”.
Joan Ribó, autarca de Valência, reagiu nas redes sociais, garantindo que as sanções serão reavaliadas e que “as medidas serão tomadas de acordo com a lei e a lógica humanitária”.
Várias pessoas lançaram uma petição no Change.org para que a multa seja anulada.
Javier Márquez Ruiz nasceu em Olivença e levou as ligações a Portugal para a Valência
O proprietário, Javier Márquez Ruiz, nasceu em Olivença, que considera ser uma região irmã de Portugal, país de que se confessa ser um apaixonado.
A proximidade com Portugal, num local onde se aprende português na escola, levou Javier a levar alguns pratos tradicionais do alentejo para Valência.