O Partido Comunista Português de Jerónimo de Sousa é, regra geral, o mais consistente do nosso regime político. Previsível, calculista e inabalável, aos 99 anos continua de pé, com mais força e mais vigor do que a generalidade dos seus militantes. Não vai ser agora, pré-centenário, que se vai deixar intimidar por uma gripe.
Como Ary dos Santos escreveu: “E a cada novo assalto; cada escalada fascista; subirá sempre mais alto; a bandeira comunista”. Ver o Avante castrado é como ter “as mãos partidas ou as unhas arrancadas”. O Partido Comunista atravessou os anos da ditadura sem se render, confiante e combativo. Não vai ser António Costa, com a sua própria DGS, a silenciar os camaradas.
Jerónimo de Sousa, em finais de abril, avisava que “não é preciso restringir direitos” e que “o estado de emergência ou o estatuto de calamidade, no essencial, serve para pressionar, para meter medo às pessoas”. Volte-face improvável, com requinte liberal, militou na linha da frente da guarda das liberdades de cada um. O desafio ao autoritarismo de António Costa e à má gestão desta crise, veio do Partido Comunista Português. Em situação normal teria vindo da direita. Não veio. Rui Rio eclipsou-se, deixou-a à deriva, órfã de um líder e açambarcada pelo fragor atinente de André Ventura.
Se Rui Rio fosse líder do maior partido da oposição, certamente teria questionado se o vírus só se multiplica nos eventos não partidários. Rui Rio teria denunciado que a Festa do Avante é uma troca de favores entre o Partido Socialista e o Partido Comunista. Rui Rio teria feito ruído tal como fez nas quezílias internas. Rui Rio teria acabado com a festa, como só ele diz que sabe. Rui Rio ter-se-ia batido de forma incansável por um critério igual e por regras universais. Rui Rui teria gritado: “Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual”.
Sem oposição, sem Rui Rio e sem Partido Social Democrata, todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei, mas só os comunistas é que podem fazer a festa. Resignados, sabemos que em Portugal não há Festa como esta! Nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa: “diga aos portugueses para votarem noutro”.
Avante!