Nuno e Nágyla são dois bailarinos que já deve ter ouvido falar, ou melhor, já deve ter visto dançar. Conheceram-se em 2009 na escola e, desde então, nunca mais pararam. São amigos e colegas de profissão e, juntos, já levaram o nome de Portugal a dezenas de palcos, mundo fora.
Começaram a vida artística num grupo de dança na escola e, nem um ano depois, já saíam vitoriosos do Campeonato Internacional de Kizomba. Apesar de os vermos dançar mais frequentemente esse estilo, o par soma também títulos nacionais de salsa, tendo ainda representado Portugal no World Salsa Open em Porto Rico.
Em 2015 foram Campeões Mundiais de Kizomba, no Kizomba Open em Madrid, e, 2018, semifinalistas no programa Got Talent Espanha. Mais recentemente, pudemos ver este par encantar Portugal no Got Talent, onde chegaram à final da competição.
Nuno e Nágyla, 27 e 26 anos, são uma dupla que tem dado nas vistas pela qualidade e criatividade da dança que nos apresentam. E, apesar da dança e do talento os levarem pelo mundo, o NOTÍCIAS MAIA não pode deixar passar em branco o facto de estes bailarinos viverem atualmente na Maia, em Águas Santas.
Notícias Maia (NM): Como é que a dança entra na vossa vida?
Nágyla: No meu caso já veio do Brasil, com o samba. Eu já gostava muito de dançar. Aqui, quando comecei na escola, foi uma inspiração ver a alegria das pessoas e poder partilhar o movimento. A partir daí ganhei essa paixão e quis continuar nesta área.
Nuno: Eu comecei no teatro e havia ali um complemento de dança. Mas depois, no grupo escolar, na escola secundária, comecei a interessar-me mais, achava incrível poder dançar com uma pessoa que não conhecia de lado nenhum e simplesmente comunicar com o meu corpo. A dança é como ter uma conversa através do corpo, e isso é como uma droga, queremos cada vez mais, saber mais passos, saber mais musicalidade, ou seja, nunca chegamos a um limite. Eu pensava que a dança era apenas para diversão, um hobby, mas depois de conhecer a Nygala e de começarmos a dançar e a competir, entendemos que é possível viver disto, de um sonho.
NM: Como é que se conhecem e chegam a esta dupla?
NN (Nuno e Nágyla): Nós frequentávamos a Escola Secundária de Águas Santas e acabámos por entrar no grupo de dança do desporto escolar. Foi nesse grupo que nos conhecemos, tudo isto no ano de 2008.
Em 2010, no âmbito do Campeonato Internacional de Kizomba, o professor responsável sugeriu que fizéssemos uma dupla. E sugeriu muito bem! A partir desse momento nasceu não só o sonho, como uma carreira profissional.
Nós já íamos dançando por brincadeira com outras pessoas, mas profissionalizamos tudo isto no momento em que nos encontramos. A partir deste momento, fomos crescendo juntos e todos os dias vamos construindo a nossa individualidade. Construímos todo o conhecimento por intermédio de aulas de vários estilos, das críticas construtivas daqueles que nos rodeiam e, naturalmente, por observação dos artistas que nos inspiram.
NM: Como é que chegam a este estilo de dança que normalmente atuam?
NN: O nosso estilo de dança é multifatorial, costumamos dizer que “vamos beber a muitos sítios” e é a realidade. Tudo pode ser uma possível fonte de inspiração, desde alguns trabalhos de bailarinos que admiramos até determinadas situações que vivenciamos nas nossas vidas privadas e que acabam por conferir toda a carga emocional que caracteriza cada uma das nossas coreografias.
Obviamente que tudo nasce da nossa formação de base e que vamos adquirindo continuamente, assim como da interpretação da própria letra e musicalidade do tema.
NM: Quais são as maiores dificuldades de uma carreira artística em Portugal?
NN: Vivemos num país que, aos poucos, está a começar a reconhecer e a valorizar a nossa área. Ainda há muito que fazer, claramente, e estamos cá para continuar, juntamente com tantos outros talentosos bailarinos nacionais, a lutar pelo nosso espaço e a mostrar que somos, efetivamente, merecedores do mesmo.
As maiores dificuldades passam pela falta de oportunidades de trabalho a nível nacional. Teremos, forçosamente, que falar da centralização do trabalho existente na capital. Vivemos no Porto e é gritante a lacuna existente entre as duas cidades, falamos de oportunidades na área da publicidade, televisão, formação e tantas outras. Comparando com as oportunidades internacionais, vivemos num país ainda mais carente de oportunidades na área da dança.
NM: E como é que vocês viveram esta pandemia?
NN: Numa primeira fase, sentimos que esta pausa forçada foi necessária. Necessária porque urgia a necessidade de parar, pensar e acalmar. Vivíamos numa correria constante entre aulas e viagens internacionais para congressos e competições de dança. Nunca pensámos em parar tanto tempo, nunca pensámos, acima de tudo, não saber quando terminaria toda esta pausa.
A área artística vai ser a última voltar à normalidade, principalmente, artistas como nós, que trabalham diretamente com o público, sendo que, por norma, existem festas e aulas nas quais o contacto físico é inevitável.
No entanto, há também o lado positivo de todo este tempo de espera. Tivemos tempo. Demasiado tempo, talvez. Mas, ainda assim, tempo que nos permitiu trabalhar, melhorar e criar.
NM: Têm sido presença regular em programas de televisão. O que é que vos traz essa experiência?
NN: A televisão traz, acima de tudo, visibilidade. É, e sempre foi, uma montra gigante, que nos dá a conhecer ao público, nos vai abrindo várias portas e que nos vai dando várias oportunidades laborais.
NM: E projetos futuros?
NN: Os nossos projetos futuros passam pela criação de uma plataforma online onde poderemos ensinar dança, assim como pela criação de uma empresa de eventos, que nos permitirá atuar em casamentos, jantares de empresas, anúncios publicitários e outras coisas. Brevemente, mais novidades surgirão! Aproveitamos para pedir a todos os leitores que nos acompanhem nas redes sociais pelo instagram @nuno.nagyla.oficial.