Nos EUA de Trump muito se tem falado da chamada “alt-right” e na crescente importância que este movimento está a ganhar no espectro político, sem nunca se ter autodefinido na sua ideologia ou enquadrado numa corrente política tradicional apesar de ser ocasionalmente ligada ao nacionalismo, ao identitarismo e ao neo-reacionarismo. Na Europa, é mais do que evidente o crescimento galopante dos partidos nacionalistas de direita, podendo mesmo esta tendência culminar na eleição de Marine Le Pen em França.
Portugal atravessa neste momento um período de indefinição onde a direita tem vergonha de o ser e de lidar com os típicos bordões ilegítimos como reacionários, neoliberais, fascistas ou nazis. Como já vi algumas vezes escrito, se todos somos nazis, ninguém é nazi. No entanto, a esquerda continua a tentar passar a ideia que ser assumidamente de direita em Portugal é ser fascista, por exemplo. Para quem analisa o contexto europeu, ou até o contexto americano, facilmente conclui que ser de direita em Portugal é ser claramente do centro ou até de um certo centro esquerda.
Nunca aqui estes labels anteriores poderiam fazer qualquer sentido, muito menos num Portugal balançado completamente à esquerda, em que os comunistas estão no poder. Será essa simpatia nacional pela esquerda o motivo pelo qual Fidel Castro não foi condenado por ser o ditador que levou Cuba a parar no tempo? Como é possível a direita Portuguesa ter deixado passar um voto de pesar pela morte de um ditador?
Todos os sistemas tendem para o equilíbrio, sendo que o sistema politica não é exceção. Assim, um sistema balanceado excessivamente à esquerda irá invariavelmente ser contraposto com posições extremas à direita. Num ambiente com demasiados “ismos” é natural que apareça quem se imponha contra estes. É de esperar que, lentamente, comece a surgir uma verdadeira direita, seguida de uma verdadeira extrema-direita. Há, no entanto, algo de positivo neste processo em Portugal – ainda vamos a tempo de travar o extremismo. Tanto na esquerda como na direita.
Nos EUA começa-se a perder a vergonha anteriormente imposta em discutir a legalidade na imigração, o complexo de culpa das maiorias, a verdadeira natureza do movimento feminista, a necessidade de proteção da economia em relação a quem não segue as mesmas regras, a perda dos valores sociais e culturais, entre outros temas. Isto não quer dizer que quem o discuta seja automaticamente xenófobo, supremacista, machista, etc. Em Portugal, o politicamente correto levou a que hoje em dia a direita se limite apenas às questões económicas e à relação com a União. Não é com qualquer surpresa que a direita seja má a comunicar e que o interesse na política domestica seja cada vez mais diminuto.
Todo este vazio abre cada vez mais a porta ao surgimento de movimentos que pensem e atuem fora da caixa. Começou com os movimentos independentes, tanto ao nível das freguesias como dos municípios e será uma questão de tempo até que outro tipo de movimentos ganhem destaque na política nacional.
João Carlos Loureiro