As autárquicas são sempre influenciadas pelo clima político nacional. Tipicamente ou temos um governo austero e os partidos que suportam esse governo perdem votos, mesmo sendo eleições locais, ou temos um governo populista que poderá favorecer as mesmas cores a nível local. Em 2017 ao nível populista local, teremos candidaturas independentes em massa, sempre em prol do cidadão, da transparência e contra a corrupção. Posto isto, antecipar um resultado eleitoral em 2017 é tão complexo, dado o número de variáveis ser cada vez maior.
O Governo continuará a ter como plano de ação reverter as políticas impostas pela Troika, pelo menos enquanto existir viabilidade financeira para tal, logo deverá chegar às autárquicas com elevados níveis de popularidade, isto se conseguir manter o PCP e o BE do seu lado. Se o apoio dos dois partidos mais pequenos da geringonça se verificar, teremos o PSD e o CDS numa situação difícil, nomeadamente o primeiro, visto que tem como seu líder o Primeiro Ministro que ficou associado à austeridade, austeridade essa que segundo a narrativa atual ” ia para lá da Troika “. Ora Pedro Passos Coelho só terá razão quando acabar o dinheiro a António Costa, cenário que não deve acontecer até às autárquicas.
Analisada a conjuntura nacional, passemos para a realidade local, a Maia. A Maia ainda hoje tem uma marca profunda da visão do Professor José Vieira de Carvalho, a Maia de hoje foi pensada há 30 anos, quando ainda era eminentemente um território agricola, sem capacidade para criar muito valor acrescentado e de reduzida massa crítica. Hoje a Maia é uma cidade moderna, dinâmica, contribuindo com 3% do PIB, sendo uma referência em vários setores, como o Desporto, a Acção social, Educação, Ambiente, entre outras. Estas referências levam-me a outro nome, Eng Bragança Fernandes. Todo o potencial que a Maia tinha na sua origem atingiu a sua plenitude com a liderança de Bragança Fernandes, sempre com a sustentabilidade financeira acautelada, voltou a Maia para os Maiatos. Em 2017 existirá uma mudança inevitável na liderança da Câmara Municipal da Maia, a lei da limitação de mandatos impõe que o PSD Maia apresente outro candidato, e o nome está escolhido desde 2013 visto que é a sucessão natural. O Eng Antonio Silva Tiago é o social-democrata para a corrida. Autarca desde do tempo do Professor Vieira de Carvalho, acumula a experiência aliada às exigentes missões de liderar o urbanismo e o ambiente, pelouros cruciais para a Maia dos nossos dias.
Os restantes partidos terão a difícil tarefa de derrotar o partido que fez da Maia aquilo que ela é hoje. O PS é conhecido na Maia por sucessivos erros de casting, ora aposta em desconhecidos, ora aposta em candidatos que nada tem haver com a Maia e os Maiatos. Como o próprio Notícias Maia avançou, fala-se no promissor João Torres como hipótese. Contudo, e apesar do seu percurso político na Maia, acredito que o seu objetivo seja nacional, evitando riscos inerentes a um resultado negativo na Maia. Fala-se também em nomes fortes do PS, sendo que o histórico de derrotas socialistas na autarquia tem afastado alguns nomes. Começa a ficar cada vez mais evidente que a escolha não irá recair numa primeira opção, sendo o PS obrigado a apresentar um candidato de recurso.
O BE e o PCP estão fortemente condicionados pela chamada ” geringonça “, visto que ou se associam a nível local ao PS ou ficam bastante debilitados no confronto direto. O CDS já mostrou com a estratégia para Lisboa e Porto que não quer depender do PSD, contudo na Maia sem uma coligação correm o risco da irrelevancia política. Por último deixo uma palavra aos independentes. Na Maia, em 2013 quase todas as listas independentes eram ideologicamente social-democratas, quer fosse mais assumido ou não. Em 2017 o cenário é outro, alimentados pela aura de Rui Moreira, fala-se muito em candidaturas independentes a várias freguesias, e às listas municipais, organizadas por um só movimento. Esta ” profissionalização ” dos independentes irá baralhar as contas ? Ou serão penalizados pela oposição pouco construtiva do atual mandato ?
Como podemos concluir 2017 será um ano animado, Boas Entradas!
Marco Correia