Nunca, desde a revolução industrial, o mundo enfrentou um desafio tão global, tão “democrático” e tão impactante quanto o que estamos a viver.
Quando testemunhávamos a progressão de uma tendência individualista e nacionalista no contexto internacional, encarada por alguns como um processo de desglobalização, a crise pandémica tornou claro que só através da capacidade de diálogo das instituições, dos países e dos povos será possível ultrapassar os mais exigentes desafios.
Contudo, poder-se-á dizer que esta clarificação convoca-nos para uma perspetiva diferente sobre os problemas que se enfrenta à escala global. Ou, dito de outra forma, exige que se desenvolva uma nova forma de pensar a sociedade, a sua organização e a sua governação.
De facto, vários referenciais civilizacionais estão a ser objeto de transformações cujos resultados são, neste momento, de difícil mensuração: nas relações sociais e interpessoais, na saúde, na educação, na diplomacia entre as nações, nas prioridades da ciência, nas práticas laborais, na perceção generalizada do risco institucional e individual. É difícil identificar uma área da sociedade que esteja imune ao impacto (des)estruturante desta crise pandemia.
Ao mesmo tempo, os grandes desafios planetários continuam presentes, talvez com ainda maior sinal de emergência – em especial, o que se relaciona com as alterações climáticas.
A celebrar o quinto aniversário do Acordo de Paris, a 12 de dezembro, o Secretário-Geral das Nações Unidas recolocou o tema na agenda, de forma inequivocamente alarmante: ainda em plena pandemia sanitária, as Nações foram desafiadas a assumirem a Emergência Climática Global. O mote foi a imperiosa redução das emissões carbónicas (entre os objetivos mais imediatos, uma redução de 45%, até 2030), para inverter a trajetória atual de emissões.
O risco é crescente e avassaladoramente mais estruturante, global e impactante que a atual pandemia. O próprio Papa Francisco exortou os povos à consciencialização e priorização desta problemática, comprometendo-se com o contributo do Vaticano neste capítulo.
O foco e as sinergias globais adquiridas com a pandemia deverão ter continuidade na luta contra as alterações climáticas. Não haverá lugar a “baixar a guarda” ou afrouxar o esforço de concertação, a firmeza na atuação e o rigor da gestão, por todos os “guerreiros” deste combate, sejam políticos, decisores ou influenciadores sociais.
Estando em causa o futuro do “Lar global” (considerando o planeta como a morada, em sentido mais abrangente), não existe lugar para dogmas, muros doutrinários ou barreiras sectárias.
A causa é global, emergente e urgente, pelo que deve merecer maior atenção nos fóruns e espaços da sociedade onde se exerce a cidadania, com um reforço no acesso a informação e ferramentas de participação cívica consciente, que dissuada o alheamento e o imobilismo dos governantes e decisores.
Neste quadro, a Educação assume uma preponderância inquestionável. É através dela que a sensibilização para as alterações climáticas e para a preservação do maior património civilizacional – o planeta Terra – pode ganhar mais projeção. É pelo investimento na formação e preparação das novas gerações – e dos adultos, pois a Educação ao longo da vida é um objetivo que deve ser incentivado e que tem ganhos evidentes – que se conseguirão criar as condições para assegurar o futuro coletivo.
A Educação é o exercício de cidadania que disponibiliza os melhores instrumentos à evolução civilizacional, ao contribuir para o crescimento individual, o conhecimento participativo, a interpretação crítica da “Palavra” e uma participação cívica mais ativa.
É na Educação que está a resposta para os grandes problemas que enfrentamos.
Emília Santos
Vereadora dos Pelouros da Educação, Ciência e Saúde da Câmara Municipal da Maia