O Ministro do Ambiente classifica o sucedido como um “ato de ódio” e já anunciou que vai apresentar uma queixa ao Ministério Público.
Mais de 500 animais foram abatidos numa montaria na Herdade da Torre Bela, em Azambuja, no passado dia 17 de dezembro, estando a ação a gerar grande polémica.
Os cerca de 540 javalis, gamos e veados, foram mortos numa montaria levada a cabo por 16 caçadores e organizada pela empresa espanhola Huntings Pain Portugal, que todos os anos promove ações de caça em Portugal e Espanha, e teve lugar numa zona de caça concessionada como Zona de Caça Turística.
As fotografias da caçada foram publicadas nas redes sociais e os autores acompanharam-nas com a legenda “conseguimos de novo! 540 animais com 16 caçadores em Portugal, um recorde numa super montaria”.
A publicação foi entretanto apagada mas não foi a tempo de fugir à atenção dos internautas que se mostraram revoltados com esta prática. A partilha do abate destes animais continua a gerar polémica e, além destes milhares de internautas, já vários partidos e movimentos mostraram a sua indignação com o sucedido.
“Eu não confundo este ato vil, este ato de ódio, com a caça”
João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente, anunciou esta terça-feira na rádio TSF que “o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) vai de imediato revogar a licença de caça e vai, com o trabalho que está hoje a fazer no terreno, apresentar uma queixa ao Ministério Público”.
João Pedro Matos Fernandes não escondeu a sua indignação perante a “gabarolice de um ato vil”, considerando as imagens dos animais mortos e alinhados no chão como troféus de caça. “A caça repovoa um conjunto de ecossistemas, existe, é autorizada, para gerir recursos energéticos. Não é para matanças generalizadas”, sublinhou o governante. “Eu não confundo este ato vil, este ato de ódio, com a caça”, conclui.
André Silva, porta-voz do PAN, reagiu ao sucedido e afirmou que “estes atos são absolutamente imorais e deveriam ser proibidos”.
À Rádio Observador, Silvinio Lúcio, vice-presidente da Câmara da Azambuja e vereador com o pelouro do ambiente da Câmara, afirmou que “é uma situação de abate indiscriminado, que é despropositado e não podemos pactuar com uma situação destas”.