1.- dantes era assim. o novelo de lã andava sempre. comprava-se lã. os mais idosos abriam-se os braços e as mãos. lã enfiada nos dedos. a mulher fazia o novelo. depois a camisola. o gorro. ou então o cachecol. a seguir desfazia- se o gorro. a camisola e o cachecol. aparecia o novelo. novamente o novelo de lã. o novelo não amadurecia sequer. dele saía outro vestuário. mas na sua base é o novelo. ia-se sempre de novelo para novelo. o novelo de lã era a base. servia para os filhos. os netos. Bisnetos. mas também para a bisavó. o avô e a avó. ou o pai e a mãe. uma eternidade que durava o novelo de lã. dinastia que se perpetuava. mas a lã essa ia-se desfazendo. ou até ficava velha. desgasta. com os seus defeitos. não havia outra solução o novelo de lã era sempre a solução. era engraçado que o novelo de lã tinha sempre a mesma cor. o que diga-se não era muito querido. principalmente pelas meninas. os meninos tanto se davam. jogavam à bola e destruíam mais a lã. mas a cor. essa não. uma chatice.
2.- em política também existem novelos. novelos cheios de nós. aquilo que mais incomoda na política são os nós. nas próximas eleições cá estão os nós. os novelos políticos quando se tornam novelas políticas quase parecem novelas. então nas novelas dá-se o fio de algodão. alguém dá com as mãos abertas a linha. outros recebem e fazem o novelo. perdão a novela. ora agora para ti. ora agora para mim. as cores dos novelos são várias. conforme as famílias. famílias políticas com certeza. mas também famílias de famílias. e assim se faz a camisola. o gorro. o cachecol. e torna-se a fazer o novelo. até três vezes. depois já não dá mais. então tenta-se fazer como com o novelo de lã. enrola-se e desenrola-se. dá-se a mesma linha e a mesma cor. existem os nós. então tenta-se desfazer os nós. com cuidado. para não assustar.
3.- esta coisa de na nossa terra serem sempre os mesmos estafa. mesmo que em cada um dos mandatos seja uma camisola. noutra um gorro. ainda noutra um cachecol. as linhas vão perdendo elasticidade. é quase como o jogo do pião. há as nicas. sabem o que são as nicas. as nicas dão-se na “piasca”. o peão são os do poder. a “piasca” são os fraquitos. são os nós do novelo. Há quem tente desfiar os nós. e consegue à nossa custa. a semelhança entre o jogo do peão e as eleições próximas já viram. e então os novelos a fazerem-se e a desfazerem-se. entre novelos de lã e o jogo do peão há uma relação reciproca. entre alguns candidatos às eleições e o jogo do peão ou o novelo de lã uma corelação. vejam lá o que fui inventar. não quero mais camisolas. nem gorros. nem cachecóis. não quero ser mais a “piasca”. pronto. tenho dito. mesmo em letra pequena. é assim. pois.
Joaquim Armindo
Doutorando em Ecologia e Saúde Ambiental