Tomás Costa esteve infetado com a Covid-19 e precisou de ser internado nos cuidados intensivos depois do seu estado de saúde se complicar.
Tomás Costa tem 68 anos e foi um dos milhares de maiatos que esteve infetado com o novo coronavírus. Recebeu o resultado positivo no início de outubro e nos primeiros dias sentiu apenas cansaço. Mas a situação viria a piorar e Tomás Costa teve mesmo de ser internado no Hospital de São João do Porto. Dias mais tarde, por não melhorar, precisou mesmo de receber cuidados intensivos.
Cinco meses depois do susto, este maiato residente em Pedras Rubras, garante ao NOTÍCIAS MAIA que sempre se manteve positivo durante o tratamento e que agora sente totalmente recuperado.
Notícias Maia (NM): Como é que soube que estava infetado com o novo Coronavírus?
Tomás Costa (TC): A minha filha estava em casa na altura e ela já tinha tido o teste positivo. Quando comecei a sentir sintomas, principalmente muita fraqueza, resolvi também recorrer ao SNS. Numa primeira consulta apresentei os meus sintomas e ficou logo mais ao menos implícito que eu podia estar infetado. No dia seguinte fiz o teste no Hospital de Alfena e veio o resultado positivo.
NM: Como é que se sentiu quando soube que tinha testado positivo, ficou com algum receio?
TC: Não, sempre vi a situação com um certo otimismo, porque sabia que é uma parcela ínfima a que tem problemas maiores. Infelizmente, depois eu até acabei por entrar nessa parcela ínfima, mas na altura não fiquei assim muito preocupado. Atendendo ao desenrolar dos acontecimentos e dos sintomas é que depois fui para o hospital.
NM: Como é que chega a essa fase? No início teve alguns sintomas como disse…
TC: Só fraqueza.
NM: E depois como é que chega até um estado mais complicado de saúde?
TC: Eu fui para o hospital porque não me sentia melhor. No primeiro dia fiz uns exames e no fim do dia mandaram-me embora. Mas não estava melhor, antes pelo contrário. No dia seguinte até tive um pequeno desmaio no café da manhã. Voltei ao hospital depois de almoço e nesse dia voltaram a fazer-me exames. Fui internado e, ao fim de seis dias ou oito dias, o meu estado piorou. Foi aí que fui para os cuidados intensivos, onde eu fiquei mais ao menos seis ou sete dias. Estive a receber oxigénio mas nunca cheguei a ser entubado, felizmente. Depois comecei a melhorar, saí dos cuidados intensivos e fiquei num quarto de enfermaria. Tive alta cinco dias de pois.
NM: E o que é que se lembra desses dias em que esteve nos cuidados intensivos? Estava consciente?
TC: Sempre consciente, e uma coisa que nunca me faltou foi o apetite. Sentia-me era fraco, mas sempre consciente. Se me permite aqui um aparte, quero agradecer e elogiar todo o corpo clínico e staff. Eles fazem um trabalho espetacular com o atendimento aos pacientes Covid, porque na realidade nós ficamos num estado debilitado. São muitos exames de uma forma muito regular e vê-se que é tudo feito com muita atenção e cuidado. Na realidade fiquei super impressionado com a forma como fui bem tratado.
NM: Acredito que no tempo que teve internado não podia ter visitas…
TC: Sim, não podia receber visitas de jeito nenhum até por ser uma doença infetocontagiosa. Mantinha-me em contacto através do telefone com a família.
NM: As pessoas que tratavam de si acabaram por fazer também essa parte de companhia. Sentia que eles tinham esse cuidado?
TC: Sim, por acaso senti um acompanhamento humano muito próximo.
NM: Depois quando sai do internamento e já está bom para vir para casa, como é que foi a sua recuperação?
TC: Eu contraí lá no hospital uma infeção urinária e isso afetou-me bastante a recuperação. Quanto à Covid, emagreci 8 quilos ou 9 quilos, portanto estava super debilitado. Mas como nunca perdi o apetite fui lentamente recuperando. Depois comecei também a fazer umas pequenas caminhadas. Aos poucos fui dilatando essas mesmas caminhadas e ao fim de 2/3 meses já me sentia, digamos assim, uns 70/80% recuperado. Hoje, passados seis meses, posso dizer que não sinto nenhuma limitação, nenhuma anomalia, nenhum limite. Tenho feito consultas e exames periódicos no S. João e felizmente os resultados são bastante satisfatórios, aparenta estar tudo normal no que diz respeito aos pulmões.
NM: Quando esteve nos cuidados intensivos também conseguiu manter-se positivo?
TC: Senti-me sempre de certa forma otimista, sentindo que iria ultrapassar essa situação. A dada altura sugeriram que eu estivesse sempre deitado de barriga para baixo porque é melhor para o tratamento e combate à infeção nos pulmões. Foi o período mais difícil que eu tive porque era desconfortável ficar de costas permanentemente.
NM: E felizmente correu pelo melhor.
TC: Graças a Deus. Hoje não sinto sequela nenhuma, não sinto, imagino que não tenha.