A Socialis trabalha ativamente no sentido de orientar a população imigrante. O NOTÍCIAS MAIA foi compreender como tem corrido esta resposta.
A Socialis, entre outras valências, trabalha ativamente no sentido de orientar e ajudar os imigrantes que chegam ao nosso país. Com a pandemia, muitas destas pessoas ficaram em situação precária e a precisar de ajuda. Além de que, muitas delas, ainda nem completaram o processo de legalização no país.
O NOTÍCIAS MAIA falou com a Diretora Técnica da Socialis para compreender as mudanças que a pandemia trouxe ao trabalho da instituição de solidariedade social e também como tem sido feito este apoio aos imigrantes a viver na incerteza.
Isabel Pinto explica-nos que os pedidos de ajuda ao nível do apoio alimentar são cada vez mais e que o apoio aos imigrantes nunca parou.
Notícias Maia (NM): Em que é que a pandemia alterou o trabalho da Socialis?
Isabel Pinto (IP): A pandemia alterou muita coisa no trabalho da Socialis. Logo no início tivemos de fazer uma restruturação, quer ao nível dos espaços, quer ao nível dos planos de contingência, para todas as nossas respostas sociais. Foi um desafio enorme porque ninguém sabia como é que se fazia um plano de contingência. Depois tivemos que fazer toda uma adaptação ao nível dos espaços, deitámos umas paredes abaixo e reorganizamos o imobiliário para cumprir com os distanciamentos. Também na gestão do transporte, deixamos de poder transportar o mesmo número de crianças. Houve uma necessidade enorme de criar tudo isto para que, até à data, felizmente não houvesse nenhum surto em nenhuma das nas nossas instalações.
NM: Nas vossas várias respostas, chegaram-vos mais pedidos de ajuda?
IP: Onde sentimos a maior parte dos pedidos de ajuda foi ao nível da população imigrante. Aí sim, de facto, o Centro Local de Apoio à Integração do Migrante teve um atendimento muito maior de pedidos no âmbito do apoio social. Porque houve muitos imigrantes que, devido à situação da pandemia, acabaram por ficar sem emprego e recorreram muito aos apoios socias e às orientações. Houve todo um conjunto de abrigos excecionais no âmbito do SEF que permitam a alguns estrangeiros, mediante a sua situação, aceder a vários apoios sociais. Foi preciso avaliar e ponderar situações de crise social que se poderiam criar.
NM: O trabalho que vocês fazem aqui é também uma questão de orientar estas pessoas que não conhecem a legislação.
IP: Certo. O Centro Local de Apoio à Integração do Migrante pretende dar resposta A todas as diferentes necessidades da população Imigrante. Passa muito pelo atendimento, pela informação e pelo encaminhamento para as necessidades de cada um.
NM: E como é que tem sido o vosso trabalho no sentido de, por exemplo, orientar as pessoas para os testes Covid-19 e para a questão da vacinação?
IP: Todo esse trabalho passa muito pela informação que nós tentamos passar. Nós temos toda uma base de dados de utentes que fazemos acompanhamento e, mesmo nas redes sociais, tentamos passar toda essa informação. Normalmente auscultámos a necessidade da pessoa e, mediante a sua situação, esteja regular ou irregular, nós tentamos avaliar e indicar quais são os direitos das pessoas e como é que elas podem aceder a esses direitos. No âmbito da vacinação, o Ministério da Saúde criou uma plataforma específica para que os imigrantes se pudessem inscrever e depois, na sua vez, serem contactados pela DGS. Porque estamos a falar de pessoas sem número de utente.
NM: A Socialis tem tido algum apoio da Câmara Municipal da Maia? Tem havido um trabalho de equipa?
IP: Nós tivemos sempre bastante acompanhamento, quer ao nível de Câmara Municipal da maia, quer ao nível do Delegado de Saúde Local. No início da pandemia, por exemplo, havia muito pouco equipamento de proteção individual e a autarquia ajudou-nos.
NM: E como é que estão a correr agora as vossas respostas? As crianças já voltaram aqui ao centro, por exemplo?
IP: As crianças do primeiro ciclo já regressaram e no dia 5 de abril vão regressar os do segundo e terceiro ciclo. Notámos que os mais pequeninos já estavam com saudade! Durante os dois confinamentos nós nunca deixámos de estar em contacto com os alunos, passámos a fazer um apoio online, quer com atividades, quer com apoio ao estudo. Para isso contámos com a nossa equipa mas também com um conjunto de voluntários de parceiras ao nível do voluntario universitário.
NM: E em relação às outras respostas?
IP: Certo. Continuamos sempre os atendimentos à população imigrante, maioritariamente através das plataformas digitais, mas nunca deixamos de o fazer. Também continuamos a entregar o cabaz de alimentos à população que apoiamos nesse sentido. Tal como as outras instituições, também nós tivemos um aumento da procura ao nível do apoio alimentar e tentamos sempre manter este serviço e fazer o transporte e a recolha e a entrega às famílias. Tivemos imensos pedidos de apoio de emergência de situações que identificamos na hora. Nesse sentido, acabamos por identificar situações graves de carência económica. Muitos imigrantes nem sabiam que nós podíamos fazer reste apoio e passamos a cobrir esta necessidade e aliviar um bocadinho as despesas destes agregados.