A pandemia permitiu que a Cozinca não parasse de trabalhar e, contas feitas, com muito trabalho e resiliência, 2020 foi um ano positivo.
Rui Figueiredo é o proprietário da Cozinca, uma empresa sediada na Maia onde se desenvolvem e montam espaços de restauração.
Apesar das dificuldades, a empresa e todos os seus trabalhadores puderam continuar a trabalhar e, contas feitas, o ano de 2020 superou 2019 em termos de faturação.
Ao NOTÍCIAS MAIA, Rui Figueiredo explica que os projetos estão mais demorados mas que o resultado positivo desta estrutura está no trabalho, na resiliência e na gestão durante este tempo de pandemia. Sobre o futuro, o proprietário pede informação clara ao Governo porque só assim será possível evitar mais quedas abruptas.
Notícias Maia (NM): Como é que tem sido trabalhar neste último ano?
Rui Figueiredo (RF): Na nossa área de negócio, na área da restauração, tem sido complexo mas não desmotivador. Nós no ano passado, apesar de tudo, conseguimos aumentar a nossa faturação, o que nos deu algumas perspetivas daquilo que podia ou pode acontecer no futuro. Nós direcionamos a empresa para determinados grupos de clientes o que nos permitiu poder estar a trabalhar durante a pandemia. Não tivemos em nenhuma forma de Lay-off, por exemplo. Procuramos perceber o que é que ia acontecer, procuramos perceber quais iriam ser as linhas orientadoras do futuro por parte dos nossos líderes e, de alguma forma, fomos trabalhando e procurando sempre mais e mais, de maneira a podermos alimentar a empresa.
NM: Foi sempre claro para vocês perceber que podiam continuar a trabalhar?
RF: Sim e não. Como nós estamos muito ligados à restauração é difícil perceber que nós temos uma área diferente da restauração. Em termos dos nossos líderes, tentávamos acompanhar as informações, mas nunca foi muito claro. Tivemos sempre de nos socorrer de outros órgãos para podermos perceber o que podíamos fazer ou não. Fomos tendo apoio jurídico .
NM: E neste último ano de pandemia o vosso trabalho continuou igual? Fizeram algumas adaptações?
RF: Nós tivemos de fazer muitas adaptações. Verificamos que os tempos de obra são mais prolongados. Era normal uma obra ser executada num mês ou dois, se for uma obra de grande porte e, atualmente, esses tempos médios estão a apontar para os quatro/cinco meses. As várias equipas acabam por atrasar, provavelmente por uma ou outra situação pandémica, e isso é a nossa grande dificuldade.
NM: Então a vossa área continua a trabalhar de forma igual, ou seja, não sentiram propriamente esta crise pandémica.
RF: O que nós sentimos na crise pandémica foi um aumento exacerbado de custos, nomeadamente, com a mão-de-obra porque tivemos de começar a fazer muitas horas extras e tivemos de começar a fazer muito trabalho noturno para conseguirmos fazer tudo atempadamente. As obras iam atrasadas então, para conseguirmos fazer todo o serviço, fomos obrigados a fazer muitas horas extras e esses custos aumentaram a olhos vistos.
NM: Mas em termos de trabalho, continuaram a ser procurados?
RF: Sim. E procuramos cada vez mais mercados, mais nichos de mercado que podiam ser interessantes. Logicamente, o cliente que quer abrir algo novo desapareceu. Mas também não era o nosso cliente alvo. No entanto, todos os outros clientes que nós já tínhamos, como alguns grupos de restauração, aproveitaram para fazer remodelações e coisas do género.
NM: Essa era também uma das minhas questões. Os grupos hoteleiros aproveitaram estão esta pausa para melhorar os próprios espaços?
RF: Sim, mas de alguma maneira os nossos clientes já tinham essas previsões. Mas com esta situação foram adiantando e preferiam fazer já imediato do que fazer mais tarde.
NM: Como é que vê este setor no futuro? Felizmente não pararam de trabalhar, mas como é que vê, por exemplo, 2021?
RF: Em 2021 tudo vai depender da capacidade dos nossos líderes passarem a mensagem. Para mim isso é o essencial. Se houver uma mensagem clara, vai sempre haver alguma queda, mas a queda não será abrupta. Se não soubermos o que é que vamos fazer, aí é que a situação complica. No nosso caso, prevemos que no primeiro semestre temos tudo para fazer um semestre muito superior ao ano passado. Mas isso vai depender de muitas coisas.
NM: Dizia-me que informação nem sempre é clara, mas há apoios? Tem conhecimento desses apoios no caso de vir a precisar?
RF: Existem apoios, nós até já concorremos a alguns. É verdade que tivemos um aumento de faturação de cerca de 25/27% de faturação mas tivemos uns custos que também aumentaram exacerbadamente. Mas se isto efetivamente andar para trás, empresas que lutaram como a nossa e até fizeram um bom 2020, vão precisar de ajuda. E os apoios são normalmente relativos ao ano anterior. Se essas empresas vierem a precisar de apoios, é importante saber que apoios é que vão ser dados.
NM: E como é que vão ser estimados esses apoios.
RF: Eventualmente, como é que podem estimar esses apoios. Não queremos que aconteça e procuramos todos os dias não ter essa necessidade. Mas se houver uma mensagem clara as coisas andam para a frente.