Esta é a primeira entrevista a Teresa Almadanim, a candidata à Câmara da Maia indicada pelo Partido Socialista.
Encontramos Teresa Almadanim na sede do Partido Socialista da Maia (PS Maia). É sexta-feira, dia 14 de maio. Chegamos uns ligeiros minutos depois das 11 horas e a equipa de fotografia chegou de seguida. A candidata faz-se acompanhar por Edgar Rocha, membro da Assembleia de Freguesia da Cidade da Maia. Recebe-nos com simpatia e aparenta boa disposição. Mostra-se confortável e disponível para as máquinas fotográficas.
A candidata do PS Maia foi escolhida pela Comissão Política Concelhia no passado dia 6 de maio, num processo que tem feito correr tinta. Uma parte do partido pretendia continuar a apoiar outro candidato. Nasceu em fevereiro de 1971, em Lisboa. Viveu no Alentejo e Sintra até 1995, altura em que escolheu a freguesia de S. Pedro Fins, na Maia, como sua terra adotiva. É mãe de trigémeos e de mais um filho. Licenciada em Organização e Gestão de Empresas pela Universidade Moderna de Lisboa e pós-graduada em estudos avançados em Gestão pelo ISCTE, é ainda doutoranda em Gestão, também no ISCTE. Tem carreira como professora e executiva.
Notícias Maia (NM): Quem é a Teresa Almadanim?
Teresa Almadanim (TM): Teresa Almadanim é uma alentejana que veio para São Pedro Fins, para a Maia, por casamento, onde tive quatro filhos maiatos e que aqui está desde então. Portanto, sou muito mais maiata do que alentejana nesta altura. Sou nesta altura presidente da Câmara de Comércio Paraguai – Portugal, a convite da embaixada e, portanto, acabo por ter uma proximidade grande da embaixadora, Maria José Argaña. Ao mesmo tempo leciono mestrado no ISCTE e cursos executivos no ISEG e também na Universidade Católica. Além de mãe, sou um bocadinho de professora e de presidente.
NM: Porque é que se candidata à Câmara Municipal da Maia?
TA: Candidato-me pelas pessoas e para as pessoas, porque senti que poderia fazer alguma coisa. Tento dentro do meu quintal ajudar naquilo que é possível e quando surgiu este desafio achei que fazia sentido. Portanto, tenho a certeza que posso fazer muito mais, tenho a certeza que há imensa gente que eu vou conseguir ajudar de uma forma muita mais efetiva e com muito mais recursos. Ao fim e ao cabo, que estes recursos que existem possam ser canalizados para as pessoas que efetivamente necessitam dentro do concelho.
NM: Não tem uma vida partidária ativa que seja conhecida do público. Como é que surgiu este convite do Partido Socialista?
TA: Surgiu pela preocupação em ajudar o povo maiato e conseguir identificar em mim essa capacidade de trabalho e sobretudo a honestidade com que faço as coisas. Portanto, o Partido Socialista quando pensou na Teresa Almadanim, não pensou na mulher de partido, pensou na mulher que tem uma folha limpa, que tem uma vida profissional ativa e honesta e sobretudo transparente, que conhece o povo maiato de uma forma muito próxima, que tem quatro filhos maiatos e que sente com isso as necessidades deste concelho, nomeadamente por ter vivido durante 25 anos numa freguesia limítrofe, em São Pedro Fins, e em que sentia claramente as necessidades de igualdade nomeadamente.
NM: O líder do Partido Socialista, Paulo Rocha, que é seu apoiante, em comunicado disse que a Maia é um território muito desigual. Sendo de São Pedro Fins, concorda ou não com as afirmações?
TA: O que eu sentia enquanto mãe de quatro maiatos a viver em São Pedro Fins, e ainda hoje se nota, é o transporte. Eu não consigo que os meus filhos tenham como ir, por exemplo, para uma biblioteca ou que tenham que vir para o Centro da Maia. Existem dois transportes de autocarro que são claramente insuficientes. Portanto, o acesso a cultura, a informação, a mobilidade, não é igual para um menino que vive no centro da Maia e outro que vive em São Pedro Fins, por exemplo. Não é comparável. Isso é uma das questões que será importante desenvolvermos. A igualdade nesse sentido, fundamentalmente, do acesso.
NM: O processo de escolha do PS está envolto em oposição interna que acusa o processo de ser pouco democrático. Considera que houve falta de democracia na escolha do candidato?
TA: Não tenho de fazer qualquer tipo de comunicado a esse nível, porque não tenho informação e não me diz respeito, francamente. É um problema interno do Partido Socialista que eu não tenho porque me envolver.
NM: Andrade Ferreira…
TA: Não tenho o prazer de conhecer.
NM: Andrade Ferreira alegou que partes do seu currículo lhe suscitavam dúvidas. Que partes são essas?
TA: Isso eu gostaria muito de saber. Terei todo o gosto em responder, embora saibamos que ‘googlando’ conseguimos saber tudo o que necessitamos. De qualquer das formas qualquer dúvida está à distância de um telefonema e eu terei o prazer de esclarecer o que for necessário.
NM: Não teme que o PS possa estar dividido por haver uma oposição interna que preferia apoiar um candidato que já apoiou no mandato anterior?
TA: Como em democracia – e é isso que eu defendo, os valores democráticos – eu acho que é possível optar. Existindo ou não essa cisão interna, o que tenho de pensar, enquanto Partido Socialista, será em conseguir galvanizar o partido e tentar a união. E é isso que nós temos tentado fazer e que eu tentarei fazer sempre! Conseguiremos com certeza mostrar ao povo maiato que unidos conseguimos um trabalho muito mais eficiente e com resultados muito melhores. Lamento, como lamentaria em qualquer outra situação, que exista esta cisão ou que poderá existir, mas estou convicta que, acima de tudo, será a nossa vitória, será uma vitória do Partido Socialista na Câmara da Maia.
NM: É a primeira mulher candidata pelo Partido Socialista à Câmara Municipal da Maia. Que importância é que isso tem?
TA: Tem a importância da identificação de todas as mulheres comigo. Sou mãe, sou dona de casa, sou sobretudo uma mulher que se dedica a causas que considero nobres, nomeadamente de respeito e de igualdade. Nós mulheres, querendo ou não, ainda vivemos numa sociedade que é claramente machista, em que existe uma desigualdade que nós tentamos diminuir. Eu serei, com certeza também, uma forma de conseguir colmatar essa diferença, dando o exemplo que é possível ser mulher e liderar um concelho como o da Maia.
NM: Julga que ser mulher é uma vantagem da sua candidatura?
TA: Ser mulher é uma diferenciação da minha candidatura. Eu considero que o homem e a mulher se complementam, portanto a mulher não é melhor que o homem coisa nenhuma, nem vice-versa, nós complementamo-nos. Temos sim, uma visão diferente de olhar para a organização de um concelho e para a organização da própria vida. Essa diferença poderá ser sobejamente importante, sim.
NM: Falando um pouco daquilo que será o futuro. Já definiu as linhas orientadoras do seu projeto?
TA: Nós temos a grande preocupação de ouvir os maiatos. O que vamos fazer, aliás, é o que sempre fiz, porque a minha forma de ser é de ouvir as pessoas. O que a nossa equipa vai fazer é ir junto dos maiatos, junto das freguesias e entender quais são as necessidades e inquietudes de cada uma delas. Mediante isso, vamos desenvolver todo o nosso programa. O programa do Partido Socialista vai ser feito com os maiatos, porque eles saberão melhor que ninguém.
Evidentemente existem eixos que são fundamentais, nomeadamente, a igualdade entre maiatos, o acesso igual a todos, a transparência política, que eu considero fundamental, aliás um dos meus grandes vetores vai ser esse. A minha equipa será de gente idónea, de gente honesta, que tem um currículo absolutamente impoluto e julgo que é fundamental que qualquer maiato possa ter acesso à informação daquilo que é feito, das decisões que são tomadas, que sejam ouvidos. Sobretudo não hajam dúvidas ou qualquer questão relativamente à forma como vamos organizar e como é que vamos gerir este concelho. Que não exista, depois de eu ser presidente da Câmara, alguma dúvida dessa transparência. Será efetivamente uma das grandes lutas, a da transparência política.
NM: Como é que vê o mandato que está a terminar. Foi um mandato que passou por processos em tribunais e está ultrapassar uma pandemia. Como é que vê o desempenho do executivo durante os últimos quatro anos?
TA: Eu julgo que estes últimos tempos, com a pandemia, têm sido difíceis para qualquer organização e qualquer gestão. Existem dentro deste mandato algumas lacunas que eu quero colmatar, nomeadamente, ao nível da informação dos maiatos. É preciso ouvir mais os maiatos, desenvolver políticas de acordo com o que os maiatos pretendem, sem esquecer a tal transparência política. Quando auscultamos e temos um bocadinho de conversa de rua com os maiatos, entendemos claramente que existe essa falta de informação, do que se passa dentro das paredes. E será essa falta de informação que vamos alterar.
NM: Quais é que são as grandes melhorias que o concelho da Maia necessita?
TA: Dou-lhe o exemplo das cidades inteligentes, que é uma coisa interessantíssima de fazer. Pegar em tudo o que tem a ver com a zona industrial, chamar o desenvolvimento estrangeiro e o investimento estrangeiro, que é fundamental. Já se conseguiu passar de um concelho muito rural para um concelho mais industrializado, mas há necessidade de desenvolver mais essa industrialização e trazer investimento estrageiro para Maia.
Tentarmos que, com esse desenvolvimento industrial que acaba por ser relativamente fácil, captar para a Maia o investimento que vai para a Lisboa. Até porque nós temos tudo aqui.
NM: A Maia tem um parque industrial muito grande…
TA: Sim, muito grande, mas o nível de investimento estrangeiro que conseguiremos trazer para cá, através de contactos que se vão obtendo ao longo destes anos de trabalho será muito maior.
Portanto, aí sim, vamos desenvolver o parque industrial e vamos ajudar no desenvolvimento, que já foi iniciado, da parte de sustentabilidade, porque é fundamental ser um concelho amigo do ambiente. Temos de continuar a dinamizar formas de desenvolvimento, nomeadamente na área da formação e de, tentar investir numa área que por enquanto não existe, ou pouco existe, que é a área turística.
Vamos aproveitar o nosso aeroporto, vamos aproveitar o que temos da nossa cultura para mostrar, porque na verdade quando, no resto do país, se fala de Maia, não há noção do que é, efetivamente, este concelho, e do que podemos fazer.
É necessário olhar para a formação tão boa que temos em Portugal na área do turismo e que é sobejamente reconhecida lá fora e aplicar aqui no nosso concelho. Vamos desenvolver a parte turística. Há muito para fazer nessa área.
NM: Pareceu-me que afirmou que a sua vida profissional pode ajudar muito no desempenho das suas funções. Como é que a sua vida profissional será afetada com esta campanha política? Tem que abdicar de alguma coisa?
TA: Tenho, claro. Eu tenho a sorte de na Câmara de Comércio para a UE – Portugal ter uma excelente equipa de trabalho e será o meu vice-presidente que ficará à frente da Câmara de Comércio até outubro. As minhas viagens ao Paraguai terão que ser praticamente canceladas, terei uma ou outra que não conseguirei evitar. As aulas que leciono no mestrado terminaram e passei todos os cursos executivos para outubro.
Agora serão uns meses dedicados em exclusivo a esta causa, a uma causa que eu considero nobre. Os maiatos vão ter-me as eu lado e vamos, juntos, chegar aos objetivos e fazer uma grande mudança.
NM: Está aberta a coligações?
TA: Terei que falar com a minha equipa. Não pensamos ainda sobre esse assunto.
NM: Se não vencer as eleições?
TA: Não coloco esse cenário.