O Agrupamento 95 Maia do Corpo Nacional de Escutas foi para casa mas nunca desistiu de unir todos os seus quase 130 elementos. Conheça o testemunho da chefe do agrupamento.
A pandemia mandou-nos para casa mas, apesar da distância, no Agrupamento 95 Maia do Corpo Nacional de Escutas, a união entre Lobitos, Exploradores, Pioneiros, Caminheiros e Dirigentes manteve-se inalterada.
Palmira Santos é chefe deste agrupamento desde 2015 e, em entrevista ao NOTÍCIAS MAIA, garante que, apesar dos obstáculos, “saímos sempre unidos e com os laços ainda mais reforçados”. Numa atividade naturalmente presencial, o desafio foi cativar estes escuteiros através do online.
Neste Vencer a Pandemia, Palmira conta-nos que, no ano de celebrar os 60 anos do agrupamento, muitas atividades foram suspensas mas que a dedicação manteve-se e surgiram atividades como dádivas de sangue, recolhas de alimentos e até voluntariado num lar maiato.
Notícias Maia (NM): Como é que a pandemia afetou o vosso agrupamento?
Palmira Santos (PS): Afetou bastante! O escutismo implica presença física. Tudo o que nós conhecíamos até esta altura eram atividades presenciais e a pandemia veio trazer-nos limitações de presença. Com o Estado de Emergência tivemos que encerrar a nossa sede e reinventamo-nos passando a ter atividades online. Portanto, eram reuniões e encontros que fazíamos com todos os elementos, acompanhados dos seus dirigentes.
NM: E sentiram recetividade com essas reuniões? As pessoas tinham saudades de estar umas com as outras?
PS: Sentimos sim. As reuniões presenciais eram sempre muito participadas, quase sempre a 100%. Sendo que a uma determinada altura também se notou um certo desgaste, porque os miúdos começaram a ter escola online e depois eram demasiadas coisas em online.
NM: 2020 era para ser um ano de comemoração para vocês, os vossos 60 anos. Como é que correu esse ano? Conseguiram manter alguma atividade?
PS: Não. Nós começamos o ano de festa com projetos para comemorar os 60 anos, que são uma data bonita. São 60 anos de história com muito valor. Tínhamos então uma série de planos e até conseguimos fazer algumas atividades presenciais até ao início de março. Mas quando o Primeiro-ministro falou ao país, nós já tínhamos decidido em reunião de direção que iriamos encerrar o agrupamento e as atividades presenciais. A maior das atividades prevista para esse ano era um acampamento nos Pirenéus, em agosto, onde iria o agrupamento todo, mas tivemos que cancelar. Cancelamos ainda o lançamento do livro “60 anos por uma Juventude Melhor”, que já estava pronto e era para ser lançado em cerimónia pública em abril. Cancelamos também uma exposição que tínhamos planeado fazer com a história do nosso agrupamento. Ficou tudo em suspenso.
NM: Mas sei que ainda fizeram algumas atividades, até de cariz solidário.
PS: Sim. A primeira foi em abril de 2020. Com o surto de casos de covid-19 no Lar de Santo António, as nossas Caminheiras organizaram-se e estiveram a ajudar a tratar dos idosos. Depois, no verão, aquando do apelo à dádiva de sangue, juntamos um grupo e fomos dar sangue ao IPO. Também recolhemos alimentos junto dos pais e simpatizantes do agrupamento e levamos muitos quilos de bens ao Banco Alimentar.
NM: Quais foram as maiores dificuldades neste ano? Foi difícil manter, por exemplo, a união?
PS: Não, de forma alguma. Quer a nível do corpo de dirigentes, quer a nível da relação dos dirigentes com os seus elementos, como as crianças e os jovens, saímos sempre unidos e com os laços ainda mais reforçados. Claro que tudo isto só foi possível graças ao esforço dos nossos dirigentes, que são adultos voluntários no escutismo e que fizeram realmente um grande esforço e se reinventaram ao criar conteúdos para semanalmente apresentar online às suas crianças e jovens.
NM: Houve algum lado bom no online?
PS: Sim, houve um aspeto muito positivo que foram os debates online organizados pelos Caminheiros, as “Conversas na Soleira da Calçada”. Foi possível convidar muitas personalidades que, de outra forma, seria quase impossível ter, como por exemplo o antigo presidente do Comité Mundial do Escutismo, o chefe João Armando Gonçalves. E depois também celebramos o aniversário do Agrupamento no Zoom, onde todas as famílias tinham um bolo em casa para marcar a data e onde apresentamos o nosso livro, com os 60 anos de história.
NM: Quando é que aconteceu a retoma de atividades?
PS: Nós iniciamos o ano de escutista em outubro de 2020. Nessa altura ainda era permitido fazermos atividades presenciais com algumas regras de distanciamento, com o espaço da sede devidamente condicionado, com sinalética, desinfeção das mãos e toda uma série de informação para que as coisas corressem bem. Mas logo depois, no final de novembro, tivemos que regressar outra vez ao online.
NM: E agora em 2021?
PS: Estivemos online até haver autorização para desconfinar. Estamos neste momento com atividades presenciais alternadas quinzenalmente com online, para os lobitos e para os exploradores. Os pioneiros e os caminheiros, que são os mais velhos e mais responsáveis, fazem semanalmente os seus encontros e reuniões presencialmente.
NM: Houve alguém a desistir? Neste vai e vem alguém ficou para trás?
PS: Não. Desistir não desistiram. Notamos muita vontade de voltar ao presencial, mas não tivemos desistências.
NM: Como é que estão a decorrer estas atividades agora? Notava essa ânsia de voltar ao agrupamento?
PS: Completamente! Eles estão muito entusiasmados e temos de ter sempre em atenção as regras de distanciamento físico, principalmente com os mais pequeninos. Eles estão divididos em grupos pequenos, que são os bandos e as patrulhas, e o próprio funcionamento destes grupos permite que nós façamos atividades presenciais, sendo possível esse distanciamento. A partir do mês de junho temos previsto começar a estar todos em modo presencial.
NM: O que é que está pensado para este ano? O que é que acham que ainda vai ser possível concretizar?
PS: A partir de junho todas as secções retomam as atividades semanais presenciais. Eles estão já também a trabalhar em planos de atividade no exterior, a preparar jogos de cidade, rides e acampamentos que têm que obedecer a determinadas regras de segurança.
NM: Com as adaptações e regras de segurança reforçadas é possível fazer na mesma.
PS: É possível fazer escutismo, claro que sim!