As eleições aproximam-se e o caos habitual destas alturas paira sobre o nosso concelho.
As ruas esburacadas e as obras por todo o lado (não vai há muitos anos que, à pressa, se cobriam passeios novos com alcatrão), os fait divers políticos do momento, mais as pouco credíveis promessas e juras a pés juntos de um poder local prepotente e duvidoso que se vai perpetuando, vão dando um certo tom ruidoso dispensável às vidas dos munícipes, que já muito têm com que se ocupar e preocupar em tempos de crise pandémica.
A estratégia conciliatória das negociatas com os ressabiados da direita vai correndo mal a um PS cada vez mais fraco e submisso, que pouco tem para oferecer à população que não seja um indiferente status quo ou, na melhor das hipóteses, o vender de ilusões com o regresso a uma gestão do passado que teve méritos mas também deméritos que optam por escamotear.
Ao contrário do que por vezes se julga, na política local o que conta não são as “caras” ou os nomes dos políticos mas as ideias e as propostas de cada lista. São os concretos projetos políticos e as visões que os partidos têm para o concelho que fazem toda a diferença numa gestão que se quer de proximidade, com escolhas racionais e equilibradas, prioridades bem delineadas em vez das megalomanias visuais ou outras vaidades impingidas a expensas da verdade pelos conhecidos pasquins quinzenais da terra.
Volvidos quatro anos do anterior sufrágio, as desigualdades sociais e territoriais na Maia foram-se acentuando e voltam agora a agravar-se no momento em que atravessamos a maior crise das nossas vidas. Coisas que não se resolvem pelo mero passar do tempo nem à custa da publicidade mas que requerem mais investimento e um esforço do Município na construção de uma estratégia económica, social, cultural e ambiental inteligente, consequente e ambiciosa que dê respostas claras e assertivas a quem não meios para ter uma casa condigna, a quem perdeu o emprego e está ainda longe da reforma, a quem luta diariamente para fazer face às despesas fixas que o pequeno negócio já não sustenta, à fome e à pobreza, ao problema climático que é global mas precisa também de soluções locais exigentes.
A Maia não é nenhum “case study” nem um oásis diferente do resto do país. Há muito mais para resolver além do “flagelo da pastilha elástica”, como há uns anos lhe chamava o hoje edil nas televisões. Os maiatos necessitam de ideias e propostas que resolvam eficazmente os verdadeiros problemas e dificuldades quotidianas pelas quais muitos de nós passamos.
A guerrilha interna dos partidos (que deveriam ser) da oposição na escolha de nomes para encabeçar as listas nada de útil diz às pessoas que deveriam representar, e as promessas de mau pagador de PSD e CDS há muito que cairam em saco roto.
Alternativas precisam-se quando a ausência de rotatividade no poder não nos traz nada de bom, muito pelo contrário. Os pequenos favores aos amigos, as relações promíscuas com certos grupos económicos e o desleixo e incúria nos serviços municipais têm levado à perda de credibilidade destes autarcas e do próprio sistema político.
Urge recuperar a ideia de que é possível representar os cidadãos sem vícios, nem tiques de autoritarismo, com os olhos postos nas pessoas e nos problemas da terra.
Uma gestão autárquica solidária e de esquerda, pela qual o Bloco de Esquerda se tem batido na Assembleia Municipal da Maia.
O Bloco tem lutado por uma estratégia local da habitação que inclua nas prioridades um programa housing first de resposta à situação dos sem abrigo, em conjunto com um programa público de reabilitação e construção de edificado para arrendamento acessível a rendimentos médios.
Tem defendido apoios às micro e PMEs, às associações e clubes desportivos e aos trabalhadores da cultura afetados pela crise.
Tem sustentado a descida da tarifa da àgua e dos resídos sólidos urbanos devido à pandemia, acompanhada de um mecanismo automático de aplicação da tarifa social aos munícipes de baixos recursos.
Tem proposto um plano específico intermunicipal de gestão do Rio Leça, que devolva limpo este recurso hídrico à comunidade.
Tem enfrentado o lobby do grupo Megasa para proteger a população de São Pedro Fins e Folgosa dos perigos ambientais da poluição gerada pela Siderurgia Nacional.
Continuaremos esse trabalho por muitos e longos anos, mas é preciso que estas ideias tenham mais força para que possamos fazer a diferença no concelho.
Com a experiência política de três mandatos como deputado na Assembleia Municipal, Silvestre Pereira conhece muito bem a Maia e está preparado para ser eleito vereador na Câmara Municipal.
É a força que falta para a mudança que a Maia há tanto precisa e reclama.
Jorge Santos
Membro da Concelhia da Maia do BE e candidato à Assembleia Municipal