A Terceiro Piso viu-se obrigada a parar mas não desistiu. Reajustou-se e está agora no ramo da restauração.
A We Dream Together, conhecida comercialmente como Terceiro Piso, é uma empresa de organização de eventos com quatro anos de atividade e, como tantos outros negócios, viu-se obrigada a parar por completo durante a pandemia.
A readaptação não foi fácil mas, para conseguirem manter a empresa, os dois sócios João Pinto e Stefane Ribeiro, enveredaram pela área da restauração, mais especificamente na gestão de espaços no ramo da restauração.
Com os eventos ainda parados, os proprietários candidataram-se ao Programa Extraordinário de Apoio Direito à Economia Local (PEADEL) promovido pela Câmara Municipal da Maia. Foi na assinatura deste programa que o NOTÍCIAS MAIA encontrou João Pinto, um dos sócios.
Em entrevista, o também gerente conta que “foi impossível” manter os dois funcionários e que a reinvenção nem sempre é fácil. Entende este apoio do município como um “prémio pela resiliência” e espera que não demore muito a chegar.
Notícias Maia (NM): Em que é que este apoio do PEADEL vos vai ajudar concretamente?
João Pinto (JP): Tal como o senhor presidente da Câmara da Maia indicou, face ao período que passamos nos últimos meses, isto acaba por ser um prémio pela resiliência e resistência que tivemos neste período de Pandemia. Muitas foram as alturas em que efetivamente pensamos se valia a pena continuar. O reinventarmo-nos, por muito bonita que a palavra pareça, nem sempre sempre se faz com grande facilidade. Foi um período muito difícil mas esperemos que o próximo ano seja completamente diferente.
NM: Quais foram as maiores dificuldades no primeiro confinamento?
JP: Nós somos uma empresa de organização de eventos, acho que logo por aí já se assume automaticamente que foi uma área que passou por muitas dificuldades. Já estávamos com alguns eventos marcados na altura em que a pandemia rebentou. Alguns deles foram cancelados de imediato e outros foram adiados pelos clientes. O nosso trabalho, nessa altura e a partir daí foi falar com todos os clientes e com todos os colaboradores envolvidos nas diferentes ações. Depois foi acompanhar um pouco a tendência do setor e aguardar pelas informações por parte do Governo relativamente a aberturas, mas até agora pouco ou nada tem acontecido.
NM: Teve que interromper por completo a atividade?
JP: Sim. Paramos completamente a atividade, reinventamo-nos no último verão na área da restauração. Neste momento estamos a readaptamo-nos uma outra vez com espaços semelhantes à restauração para termos hipóteses num futuro.
NM: Em relação ao número de funcionários, foi possível manter?
JP: Nós estávamos já num processo de crescimento com quatro funcionários mas foi impossível continuar tantos meses sem trabalho. Já foi difícil manter a estrutura comigo e com o meu sócio e a partir de certa altura tivemos mesmo que arranjar um caminho diferente para as duas pessoas com quem colaboramos. Esperemos, no entanto, que daqui a uns meses as possamos ter a trabalhar connosco.
NM: Que benefícios trouxeram as medidas desta última fase desconfinamento para a vossa empresa?
JP: Para o setor de eventos não saiu nada que nos permitisse trabalhar. As medidas que saíram na primeira fase de desconfinamento foram para que pudéssemos voltar aos restaurantes, teatros, cinemas. No entanto, não saiu nada que regulasse outro tipo de eventos ou os regulamentos que têm existido são tão apertados que é impossível realizar um evento. Se um sítio como a Alfandega do Porto é limitado a ter 50 pessoas numa sala, a custar cinco mil euros, nenhuma empresa quer ter um custo.
NM: Disse que estavam a explorar a área da restauração. Que adaptação foi essa?
JP: Nós já tínhamos um projeto no Porto, chamado RoofTop Santa Catarina no Centro Comercial La Vie e lançado em 2018. Foi um projeto que surgiu para dar resposta a alguns pedidos de eventos e solicitações que íamos tendo e onde precisávamos de um espaço para alocar eventos de menor dimensão. Na altura aquilo trabalhou muito bem, mas na área dos eventos. Em 2020 adaptamos o espaço para um snack-bar e agora em 2021 tornamo-lo num restaurante e bar. Criamos também, no final do último ano, uma garrafeira online que se chama HOD, Home of Drinks.
NM: Quais são as perspetivas para o futuro?
JP: Eu sinto que as coisas estão a melhorar e acredito muito no progresso e no futuro, mas não consigo dizer, nem quantificar quanto tempo é que temos até as coisas voltarem ao normal, ou um caminho que seja positivo para a área em que estou a trabalhar. Não acredito na realização de eventos neste verão, mas acredito nessa possibilidade para o final deste ano.