O NOTÍCIAS MAIA foi conhecer o trio de ginastas de alta competição e acompanhou aquela que é agora a preparação para o Campeonato do Mundo.
Bárbara Sequeira tem 25 anos e estuda Psicologia, Francisca Maia tem 22 anos e está no 5º ano de Medicina, Francisca Sampaio Maia tem 16 anos e está no ensino secundário. Esta poderia ser uma história comum da vida de três jovens, a diferença é que, nos tempos livres, estas três ginastas trazem medalhas de competições internacionais para Portugal.
São ginastas no Acro Clube da Maia e rostos comuns quando se fala em vitórias para Portugal em campeonatos de ginástica acrobática. O NOTÍCIAS MAIA foi conhecer estas ginastas e compreender como tem sido voltar a treinar e competir.
Questionadas sobre a sua vitória mais sonante, a resposta foi quase automática: os Jogos Europeus em Minsk, na Bielorrússia, em 2019. Nessa altura, a treinar juntas há pouco mais de meio ano, as atletas conquistaram duas medalhas de prata e uma de bronze.
Agora, preparam o Campeonato do Mundo, que acontece na Suíça ainda em junho. O sonho, esse é conquistarem o título de campeãs do mundo e depois chegar aos World Games.
NM: Sentem que colocaram a Maia e Portugal na elite da ginástica?
Bárbara Sequeira: Eu acho que colocamos, principalmente com o que conseguimos alcançar nos Jogos Europeus. Isso teve um grande impacto a nível internacional e mundial e mesmo na Maia. Foi uma coisa bastante importante que deu um grande relevo ao facto da Maia ser a cidade do desporto.
NM: Como é que se chega ao vosso nível? Qual é a receita além de muito trabalho?
Francisca Maia: Muita persistência, muito trabalho e não desistir mesmo quando as coisas não correm como queremos.
NM: E também as pessoas certas? Por exemplo, é importante ter um treinador que vos entende?
Francisca Sampaio Maia: Sim, o treinador tem um papel muito importante. É o nosso apoio quer a nível emocional, quer no treino, e sem ele nada disto era possível.
NM: Quais são as maiores dificuldades de ser ginasta em Portugal?
Bárbara Sequeira: As maiores dificuldades começam pela organização horária com a faculdade ou com a escola, no caso da Kika [Francisca Sampaio Maia], e com os treinos. Há muito ainda a lutar para termos professores e um ensino que seja compatível com atletas de alto rendimento e de alta competição. Depois também passa pelos apoios financeiros, que na ginástica acrobática não existem ainda.
NM: Todas vocês andam na faculdade e na escola. Como é que se concilia com a ginástica a este nível?
Francisca Maia: Às vezes nem eu sei. É em momentos diferentes focarmo-nos em coisas diferentes. Nas alturas das competições eu estou mais focada na ginástica e falto às aulas, às vezes atraso mais as matérias do que aquilo que desejava, mas depois na altura dos exames foco-me mais nos exames e elas também são compreensivas a esse nível. E cada coisa a seu tempo.
NM: A ginástica para vocês é algo a longo prazo, como virem a ser treinadoras no futuro, ou já estão a estudar para ter um plano B?
Francisca Sampaio Maia: Nunca pensei muito nisso, mas claro que se um dia tiver disponibilidade gostava de passar conhecimentos aos mais novos e sim, acho que pode fazer parte da minha vida no futuro.
Francisca Maia: Nós temos o exemplo da nossa treinadora e coreógrafa que é médica e concilia tudo. Por isso se alguma vez surgir a oportunidade eu sou capaz de ficar ligada à modalidade, mas ainda não tenho nada definido.
Bárbara Sequeira: Eu quero ficar ligada ao desporto e à modalidade a partir da psicologia do desporto, mas por enquanto não é um objetivo sair daqui a dois anos da ginástica, nem tenciono deixar completamente a modalidade. Tenciono seguir por um nível artístico pelo menos um ano.
NM: Em relação à pandemia, como é que foi passado este ano para vocês? Em março fomos todos para casa, como é que ficaram os vossos treinos?
Francisca Sampaio Maia: Foi muito difícil no início, principalmente porque estávamos a treinar pelo zoom e não é igual, não há contacto e isto é um desporto de contacto. Mas acho que com trabalho quase todos conseguimos voltar ao normal e agora está a correr muito bem.
NM: Quando é que vocês conseguiram voltar a treinar as três juntas?
Francisca Maia: Nós voltamos para o ginásio em fins de maio, mas a treinar separados. Viemos para cá, treinamos preparação física com distanciamento e penso que só em junho voltamos a treinar enquanto trio.
NM: Custou-vos recuperar? Sentiram que o tempo que estiveram paradas atrasou o vosso rendimento?
Bárbara Sequeira: Não, eu acho que não, até porque as competições e os planeamentos foram todos atrasados. Mas, lá está, com o apoio dos treinadores foi muito mais fácil voltarmos a estar as três juntas. E se calhar aproveitamos esse tempo para melhorar outras qualidades nossas, por isso não sinto que tenha sido um impasse digamos.
NM: Agora voltaram a treinar juntas, para o que é que se estão a preparar neste momento?
Francisca Sampaio Maia: Neste momento estamos a treinar para o Campeonato do Mundo e para os apuramentos do Campeonato da Europa.
NM: Estão confiantes?
Francisca Maia: Temos os objetivos muito lá no alto e vamos trabalhar para eles. Se calhar ainda não estamos com a confiança toda que queremos, mas estamos muito otimistas e sabemos o que precisamos de fazer.
NM: Qual é o sonho? Qual é aquela meta que vocês querem atingir enquanto trio?
Bárbara Sequeira: Acho que o primeiro sonho é sermos campeãs do mundo e depois o segundo passa por conseguirmos ir aos World Games. É trabalhar para isso.
Francisca Maia: E para ganhá-los.