O cancro do pâncreas tem ainda uma baixa taxa de sobrevivência, em grande medida pelo difícil diagnóstico precoce. Quando os tumores são finalmente detetados, muitas vezes são resistentes aos tratamentos existentes, pelo que é essencial compreender a biologia destes tumores e os mecanismos que os regulam.
Uma equipa liderada pela maiata Sónia Melo, investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, obteve um avanço significativo ao descobrir que são as células estaminais cancerígenas as responsáveis pelo crescimento do tumor e resistência aos tratamentos através de uma complexa comunicação intercelular. Uma descoberta promissora para o combate ao cancro no pâncreas.
Ao DN, Sónia Melo explica que “já se sabia que as células tumorais comunicam entre si. O que nós descobrimos é que isso não é um evento ao acaso. Há uma hierarquia bem estabelecida”. “Imaginemos que há cem pessoas numa sala e que é apenas um subgrupo de seis dessas pessoas que fornece toda a informação vital para esse conjunto de cem pessoas. É o que acontece com as células estaminais que dão as instruções às outras células cancerígenas sobre as condições necessárias para o tumor crescer e responder melhor aos ataques, como a quimioterapia”, acrescenta a investigadora ao mesmo jornal.
O controlo desta comunicação poderá abrir caminho a abordagens terapêuticas mais eficazes. Nesse sentido, a investigação concluiu que quando foi cortada “a comunicação entre as células estaminais cancerígenas e as outras células cancerígenas”, quer através da ação de pequenas moléculas quer através de anticorpos ou de terapia génica, a intervenção “impediu o crescimento do tumor”.