Rita Cavadas tem 26 anos e vive em Londres desde 2019. Saiu de Portugal para estudar Gestão Hoteleira em Santiago de Compostela e, em quatro anos, estagiou em Barcelona, Palma de Maiorca, Ibiza e no Texas. Depois disso, escolheu Londres para trabalhar pelas oportunidades que a cidade lhe oferece na sua área, a hotelaria.
O NOTÍCIAS MAIA foi conhecer esta Maiata pelo Mundo e as suas diferentes experiências fora de Portugal.
Notícias Maia (NM): Como é que começa a tua experiência em Londres?
Rita Cavadas (RC): Eu vim para Londres em abril de 2019. Quando voltei dos Estados Unidos comecei à procura de trabalho e, como em Portugal não há muitas oportunidades na área da hotelaria, procurei fora e encontrei trabalho aqui em Londres. Fiquei um ano e, pouco depois de assinar contrato com outro hotel, por causa da pandemia, o meu contrato foi suspenso e vim novamente para Portugal. Estive cá até as coisas melhorarem e, em maio de 2021, voltei. Londres é uma cidade onde há muitas oportunidades de trabalho, e não só na minha área.
NM: E como é que foi o teu percurso até ires para Londres? Estudaste em Portugal?
RC: Eu fiz o curso de Gestão Hoteleira em Santiago de Compostela durante quatro anos e, durante esses anos, precisava de fazer um estágio todos os verões. Então todos os verões fui para cidades diferentes. Estive em Barcelona, Palma de Maiorca, Ibiza e, no último ano, fui para o Texas, nos Estados Unidos, dessa vez durante um ano.
NM: E como é que foi trabalhar no Texas? Sentiste algum choque cultural?
RC: Sim, senti, principalmente porque a forma como eles encaram a vida é muito diferente da nossa. Eles vivem muito para o trabalho e para sustentarem as vidas que têm. Nós vivemos mais para aproveitar a vida, ir jantar fora, ir beber um copo. Eles não sabem propriamente o significado da palavra diversão. O que é estranho para nós.
NM: Mas isso é porque o custo de vida é muito claro ou é cultural?
RC: O custo de vida é caro, sim, mas não acho que seja por isso. Acho que eles querem comprar tudo e, como têm muitos créditos, depois têm de trabalhar mais para os pagar. Muitos deles têm dois trabalhos, de manhã e à tarde, e o dia deles é a correr.
NM: Gostaste da experiência?
RC: Sim, adorei! E acho que foi essa experiência que me trouxe até aqui e que mais me fez crescer enquanto profissional. Não foi fácil, não sei se voltaria à mesma cidade, mas aconselho a todos que tenham estas experiências fora.
NM: Chegaste a trabalhar em Portugal, na tua área?
RC: Durante a pandemia trabalhei num bar de praia, para me manter ocupada, porque sou uma pessoa com muita energia e não sei estar em casa (risos). Mas foi só nessa altura.
NM: E quais dirias ser as maiores diferenças entre o teu trabalho em Portugal e, neste caso, em Londres?
RC: Londres consegue dar-me oportunidades de crescimento muito mais rápidas. Em Portugal, nos postos que requerem chefia, as pessoas são sempre mais velhas. Portanto, essas pessoas mais velhas não saem de lá e os mais novos acabam por não ter oportunidades de crescimento. E, como não dá para crescer em Portugal, as pessoas acabam por sair, procurar oportunidades fora e, depois, quando estão no seu auge, voltam para Portugal onde já conseguem encontrar um bom posto.
NM: E é esse o teu objetivo? Voltar depois para Portugal?
RC: Sim, eu sempre disse que gostava de voltar a Portugal, mas não posso dizer exatamente quando. Acho que, com a pandemia, a ideia de voltar para Portugal ganhou mais força, mas nem sempre é fácil colocar a ideia em prática.
NM: O que é que gostas mais em Londres?
RC: Não é uma cidade com a qual eu me identifique a 100%. É uma cidade que tem muita coisa para oferecer, mas falta-lhe o sol, mar e cor. É uma cidade muito escura e, como eu sou uma pessoa muito alegre, isso não ajuda muito. Mas pronto, eu também digo sempre que estou em Londres para trabalhar.
NM: Não vês Londres como uma casa.
RC: Não, é para trabalho e é um sítio de passagem. Tenho bons amigos aqui, mas só cá estou pela oportunidade de trabalho, não é por ser Londres.
NM: Esses bons amigos são portugueses, ingleses ou de outros países?
RC: Um bocadinho de todos! Tenho bons amigos portugueses, grandes amigos de todo o mundo, mas, curiosamente, não tenho lá grandes amigos ingleses (risos). Mas também é porque não há muitos ingleses a trabalhar em hotelaria.
NM: E esses amigos que falas, de todo o mundo, sabem onde fica Portugal? O que é que nos associam?
RC: Associam sempre a alguma coisa, quer seja ao Cristiano Ronaldo, quer seja aos pasteis de nata ou até ao bacalhau, que nem é nosso (risos). E depois também falam do Algarve, do bom tempo e de como é barato ir a Portugal. E acabo sempre por encontrar alguém que já esteve em Lisboa ou no Porto.
NM: Para terminar, de que é que tens mais saudades de Portugal?
RC: Da minha família, claro, ainda por cima agora tenho uma sobrinha! E da vida em si, do tempo e da qualidade de vida. Aqui, por mais que haja muitas coisas para fazer, é tudo mais caro. Vais beber um copo e deixas 20 libras, por exemplo. É diferente, mas acho que é isso, a qualidade vida mesmo.