O conflito entre a Ucrânia e a Rússia tem resultados em ondas de críticas ao Partido Comunista Português (PCP), devido às suas posições públicas sobre o assunto. A última, foi esta terça-feira, dia 1 de março, quando votou contra, no Parlamento Europeu, uma resolução que condenava a invasão da Rússia à Ucrânia. Houve mais de 600 votos a favor e apenas 13 votos eurodeputados votaram contra e destes dois são do PCP.
O partido dos comunistas portugueses, em comunicado, apresentou uma justificação para o seu voto, argumentando que a resolução aprovada dá “força à escalada“, que “procura impor uma visão unilateral” e “dá cobertura ao colossal processo de aumento de despesas militares, ao reforço e alargamento da NATO e à militarização da UE”.
O PCP tem apresentado uma visão sobre o conflito que é diferente da maioria dos partidos portugueses. De recordar que logo na altura em que Vladimir Putin, ainda antes da invasão, considerou unilateralmente que as regiões de Donetsk e Lugansk como independentes da Ucrânia, os comunistas portugueses consideraram que a atitude não podia ser analisada se considerar que era inseparável “de décadas de política de tensão e crescente confrontação dos EUA e da NATO contra a Federação Russa”, acusando a NATO, a União Europeia e a UE de promoverem uma “perigosa estratégia de tensão e propaganda belicista”.
Os comunistas foram ainda mais longe, condenando mesmo o “regime ucraniano” de nunca ter cumprido os acordos de Minsk:
“Quando alguns demonstram agora a sua preocupação com os acordos de Minsk, assinados há sete anos, é importante ter presente que o regime ucraniano não só nunca os cumpriu, inclusive de forma assumida, como impediu a concretização de uma solução política para o conflito no Donbass” – PCP.
Posição é acompanhada por João Oliveira, deputado à Assembleia da República
Em discussão no Parlamento Português, João Oliveira, deputado do PCP, afirmou que este conflito só interessava aos “Estados Unidos e ao seu complexo industrial militar”, não tendo sido capaz de condenar de forma inequívoca a atitude de Moscovo.
Na mesma terça-feira, dia 1 de março, o PCP votou contra o inicio do processo de adesão à UE por parte da Ucrânia, por considerar que é “profundamente negativa, já que “ao invés de contribuir para uma urgente e necessária solução política, pugna pelo corte de todas as pontes e pela imposição de mais sanções que atingem os povos da Europa e são pretexto para colocar em causa direitos e o agravamento das condições de vida”.
Em 24 de fevereiro, BE e PCP não votaram favoravelmente a ajuda financeira à Ucrânia
Já 24 de fevereiro, data anterior à invasão russa, os eurodeputados do PCP votaram contra um apoio financeiro à Ucrânia, de 1,2 mil milhões de euros, justificando que “são conhecidas as consequências deste tipo de ‘assistências macrofinanceiras’ com a implementação de políticas de austeridade, ataques a direitos laborais e sociais e redução das funções sociais do Estado, como na saúde, ou a liberalização de sectores como a energia”. O Bloco de Esquerda também não votou favoravelmente esta proposta, tendo optado por se abster.
A Rússia iniciou uma ofensiva militar contra a Ucrânia, tendo em vista a sua invasão, na madrugada de quinta-feira, dia 24 de fevereiro, de 2022.