O deputado Carlos Guimarães Pinto questionou a ministra da Coesão, sobre fundos comunitários que empresas do seu marido receberam, mas foi interrompido por uma deputada socialista que contestou e pediu que a gravação fosse apagada.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, estava a fazer a sua intervenção na Comissão de Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local, a pedido do PSD quando, enquanto falava, a Iniciativa Liberal (IL) colocou em cima da mesa algo considerado como o “elefante branco” na sala.
O assunto em causa, uma notícia lançada pelo Observador, na qual duas empresas do marido da ministra receberam fundos comunitários da área que tutela. Uma dessas empresas, a Thermalvet, recebeu cerca de 133 mil euros de um total de 303.275 atribuídos pela União Europeia.
“A situação até pode ser completamente legal mas o conflito moral é evidente”, atirou o deputado liberal Carlos Guimarães Pinto, considerando que se trata mais de uma “falha ética” a manchar o Governo socialista. “É uma infelicidade que tenhamos que atravessar, de forma permanente, casos como este no Governo”, reforçou o deputado, durante a audição parlamentar, pedida pelo PSD, com caráter de urgência.
Para o deputado liberal, à ministra Ana Abrunhosa apenas lhe restam “duas alternativas”: ou as empresas do marido devolvem os fundos comunitários que receberam ou Ana Abrunhosa demite-se do cargo que ocupa.
Ainda quando intervinha, a deputada socialista Isabel Guerreiro questionou a Mesa da Comissão: “Esta interpelação faz parte da ordem de trabalhos?” .
A deputada socialista insistiu: “Esta convocatória está elaborada com dois pontos. Do que eu percebi, eu não posso vir para aqui alegar factos que não têm a ver com a ordem de trabalhos. Não posso falar sobre o café ou o chá que podemos ter tomado ontem à tarde”.
Depois disso, Isabel Guerreiro exigiu que a intervenção de Carlos Guimarães Pinto fosse “retirada” da gravação e excluída da acta da reunião da Comissão de Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local.
Na segunda fase de audição, Bruno Nunes atirou, considerando ter sido utilizado um “lápis azul” para ser feito um “cerco vermelho” à volta dos liberais : “Espero que o PS não mande apagar o meu áudio como fez à Iniciativa Liberal”, dizendo ainda ter sido “completamente errado”, ao nível ético e moral” que o marido de Ana Abrunhosa tenha recebido fundos atribuídos por organismos tutelados pela ministra.