O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) detectou falhas graves no controlo de tráfego aéreo no aeroporto do Porto, segundo um relatório conhecido nesta quinta-feira, 29 de dezembro, citado pelo Porto Canal.
Um dos incidentes descritos aconteceu quando um veículo “follow-me”, autorizado a realizar a inspeção da pista, percebeu uma luz brilhante e questionou a torre sobre a presença de uma aeronave a alinhar na pista. No momento, um Boeing 737-400 da ASL Airlines Belgium estava a iniciar a descolagem na mesma pista do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
O documento, que analisa os aeroportos do Porto e de Ponta Delgada, concluiu ainda que houve a “prática sistémica” de manipulação dos registos das presenças de controladores na torre do aeroporto, assim como “arranjos de conveniência para os envolvidos”, incluindo “supervisores e chefe de torre” de controlo.
O GPIAAF alerta para os riscos que esta situação acarreta a vários níveis, incluindo na fadiga e nos tempos de descanso, recomendando a realização de inspeções e auditorias “que abranjam toda a organização”, bem como a implementação de medidas de correção e “reforço da cultura de segurança operacional”.
Este organismo sublinha ainda a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), enquanto regulador, não detetou “as deficiências na organização e sistema de gestão” da empresa pública NAV Portugal, na implementação de requisitos emanados pela União Europeia.
Por seu lado, a NAV garantiu que implementou uma série de medidas para melhorar a segurança e a eficiência de seus serviços de navegação aérea. De acordo com a empresa, algumas dessas medidas incluem o reforço de alertas sempre que a área de manobra da pista estiver ocupada por obstáculos, a aquisição de equipamentos e sistemas tecnológicos independentes da intervenção humana para detectar obstáculos em pista, a revisão dos procedimentos de esterilização das salas de controle e a retirada de objetos que podem interferir com a atividade dos controladores de tráfego aéreo, a alteração organizativa para maior rigor nos registros de assiduidade e a aquisição de equipamentos de controle de acesso biométricos.