João Galamba, ministro das Infraestruturas, impôs a presença de Christine Ourmières-Widener na reunião com o grupo parlamentar do Partido Socialista (PS), antes de ser ouvida na Comissão Permanente de Assuntos Económicos, a 18 de janeiro de 2023.
Esta reunião, realizada a 17 de janeiro de 2023, um dia antes da audição parlamentar em sede de comissão de Economia, foi combinada entre os deputados socialistas e o Ministro das Infraestruturas, que também pertence ao partido.
Esta “reunião secreta” foi revelada pela própria Christine Ourmières-Widener durante a sua audição na comissão de inquérito à tutela política da TAP, que aconteceu na terça-feira, dia 4 de abril.
Questionada pelo deputado liberal Bernardo Blanco sobre se houve uma combinação de diálogo, nomeadamente de perguntas e respostas, Christine Ourmières-Widener negou: “Não me lembro de qualquer combinação de perguntas, apenas respondi a questões sobre o processo”.
De acordo com a ainda presidente executiva da TAP, o convite para a reunião, que ocorreu por Teams, foi enviado por uma adjunta de Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares. A chefe de gabinete de Galamba na Energia, Eugénia Cabaço, o adjunto de Pedro Nuno Santos, Frederico Pinheiro, foram alguns dos elementos convidados que estiveram presentes neste encontro.
Durante a audição, o PSD quis saber se algum dos deputados socialistas na comissão de inquérito marcou presença nessa “reunião secreta”. “O PSD solicita que, a haver membros do grupo parlamentar que tenham participado, se abstenham hoje de questionar a Eng.ª Christine”, disse Paulo Moniz, do PSD. O Chega também se juntou a esta posição.
Na hora de colocar as suas questões, o PSD quis saber se Christine Ourmières-Widener reconhecia algum deputado presente na sala que tivesse estado na tal “reunião secreta”. “Reconheço uma pessoa. Carlos Pereira”. “Pode repetir?”, questionou o deputado. “Carlos Pereira”, disse.
“O grupo parlamentar do PSD não pode permitir que os trabalhos continuem quando aquilo que avisadamente questionámos o sr. presidente antes de passar a palavra ao grupo parlamentar do PS veio a acontecer. Quem interveio foi quem esteve na reunião prévia. Era algo que estávamos a prever, e que o sr presidente benevolentemente permitiu que acontecesse”, declarou o social-democrata Paulo Moniz, após ter sido informado, pela CEO da TAP, da existência de um deputado do PS nessa reunião.
Em resposta, o deputado do PS considera que este tipo de reunião é “habitual acontecer”, tendo em conta que é destinada à “partilha de informação” entres os assessores, grupo parlamentar e as entidades envolvidas.