O presidente do Lar do Comércio admitiu na terça-feira, dia 6 de junho, que é uma possibilidade real “abandonar” a instituição até 31 de agosto, devido a dificuldades financeiras. Os sócios que estão a tentar evitar judicialmente a alienação de património, alegadamente para resolver tais dificuldades, acusam a direção de usar esta “ameaça” como forma de pressão.
À margem do início do julgamento onde os sócios tentam bloquear a venda de património, avaliado em seis milhões de euros, aquele responsável lamentou à Lusa os “obstáculos” e dificuldades que a Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) tem enfrentado, referindo-se aos vários processos judiciais, incluindo o que teve início no Tribunal da Comarca de Matosinhos na terça-feira.
António Bessa, que assumiu a liderança do Lar do Comércio em janeiro de 2021, revelou também à Lusa que a instituição enfrenta uma grande lacuna financeira de mais de um milhão de euros, 150 mil euros por mês, que não consegue resolver sem vender imóveis.
No sábado, várias publicações afirmaram que a IPSS, já comunicada aos utentes, pretende aumentar o valor das mensalidades para 1.800 euros, informação confirmada pelo seu presidente, que admitiu, no entanto, que as situações serão analisadas caso a caso.
Reconhecendo que o lar opera sem licença de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) e sem certificado de segurança contra incêndios, António Bessa descreveu um espaço que precisa de grandes obras, estimadas em cerca de 20 milhões de euros.
O objetivo é criar condições mais adequadas para os utentes, mas também remodelar o espaço para permitir uma divisão entre utentes subsidiados e utentes privados, um projeto que já existe e que encontrou resistência por parte da Segurança Social, explicou.
Presente na sessão de julgamento de hoje, o grupo de sócios que tem denunciado suspeitas de maus-tratos e irregularidades ao Ministério Público classificou estas declarações como uma forma de pressão sobre a Segurança Social e o próprio tribunal, lamentando a falta de abertura da direção para reunir e discutir os problemas da instituição.