Na sequência da polémica ausência do Governo nas comemorações do sexto aniversário dos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande, a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, veio a terreiro pedir desculpa. Abrunhosa admitiu que a falta de representação governamental nas celebrações causou “mais dor” nas populações atingidas pela tragédia.
A controvérsia surgiu quando o Governo não marcou presença nas cerimónias de 17 de Junho, que incluíam uma missa organizada pela Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG). A ministra justificou a ausência do executivo, alegando que o dia era tradicionalmente de recolhimento e que não houve convite para qualquer cerimónia oficial. Ademais, revelou que a Infraestruturas de Portugal (IP) optou por abrir ao público, dois dias antes, um memorial com os nomes das 115 pessoas que pereceram nos incêndios, sem avançar uma razão específica para tal.
As críticas não tardaram a surgir e a Ministra não teve outra hipótese senão pedir desculpa. Assegurou que nunca foi intenção do Governo causar mais angústia com esta decisão e que as vítimas não foram esquecidas.
Hugo Soares, secretário-geral do PSD, não poupou nas palavras e descreveu o Governo como estando “mergulhado numa total descoordenação”. Por outro lado, Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, apontou o dedo ao primeiro-ministro António Costa, acusando-o de falta de coragem por não ter comparecido nos territórios afectados.
Em paralelo, emergiu um novo imbróglio sobre quem assumiria a responsabilidade pela manutenção do Memorial às Vítimas dos Incêndios de 2017. António Costa, através de mensagens no Twitter, lançou a batata quente para a Câmara de Pedrógão Grande e para a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria. No entanto, o autarca de Pedrógão Grande foi peremptório ao negar que a inauguração do memorial estivesse dependente da câmara municipal.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também não marcou presença, mas assiistou no mesmo dia, com António Costa a um jogo da seleção nacional de futebol. Dina Duarte da AVIPG reagiu à sua ausência com desalento: “Até Marcelo esqueceu Pedrógão, é triste”.