A associação ibérica do Eixo Atlântico apresentou e discutiu, na manhã deste 22 de junho de 2023, com os agentes locais, em Mirandela, no distrito de Bragança, as propostas de um plano com as linhas de atuação para desenvolver o interior, nomeadamente no Norte de Portugal e Galiza, as áreas que abrange.
Na manhã de 22 de junho de 2023, reuniram líderes políticos de Portugal e Espanha, para discutir as propostas contidas na agenda do Eixo Atlântico. Da mesma forma, as medidas foram transmitidas à Secretária de Estado de Desenvolvimento Regional de Portugal, Isabel Ferreira, ao vogal assessor da Secretaria Geral do Desafio Demográfico de Espanha, Miguel Ángel Pérez Grande, e ao presidente do Conselho Económico e Social da Galiza, Agustín Hernández, para que sejam tidas em conta na implementação das políticas de combate ao despovoamento e promover o desenvolvimento no eixo interior.
O Eixo Atlântico atribui grande importância à coesão social e territorial da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal e, para isso, é necessário promover medidas de discriminação positiva nos territórios do interior com maior despovoamento para favorecer a fixação dos jovens e, consequentemente, fixar a população.
A agenda contém medidas de carácter social, económico, criação de serviços, aspectos relacionados com a educação e infância e ligados à fixação da população em idade reprodutiva, bem como políticas relacionadas com a tecnologia e logística para promover a criação de emprego e o empreendedorismo neste eixo interior.
Xoán Vázquez Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico, assegurou que: “Deve haver um equilíbrio entre a zona mais povoada do litoral e a zona mais despovoada do interior. Se olharmos com calma, Mirandela, O Barco de Valdeorras, Lugo ou Bragança, estão 150 km mais perto de Madrid do que o Porto ou a Corunha, mas ninguém o entende assim porque há um problema de infraestruturas, um problema de mentalidade e problemas no território que dificultam que as pessoas tenham facilidades para desenvolver a sua vida, e fixar a população, no interior”
“O Eixo Atlântico quer propor aos governos uma série de medidas e queremos saber quais são os problemas que têm as pessoas que optaram por ficar no interior em vez de migrar para as grandes cidades. A administração deve estar do lado dos administrados”, acrescentou.
Júlia Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Mirandela, afirmou que: “A coesão social territorial é um problema importante. Requer um compromisso coletivo e ações concretas, é necessário promover a igualdade de oportunidades e garantir a inclusão social. Para promover um território é fundamental um conjunto de medidas em diferentes áreas de atuação”.
“Os principais problemas dos municípios do interior são: o envelhecimento da população, o despovoamento e a baixa natalidade. Isto tem um impacto negativo no desenvolvimento económico. Para fazer face a isto, temos de ter uma visão mais ampla e é por isso que estamos reunidos hoje”, acrescentou a Presidente de Mirandela.
Júlia Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Mirandela, defendeu a importância da descentralização da CCDR-N, matéria que está a ser debatida e sobre a qual a Secretária de Estado manifestou o seu apoio.
Isabel Ferreira, Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, referiu: “Atualmente há três grandes desafios: o demográfico, que é o que motivou este estudo, o desafio digital e o desafio das alterações climáticas. No âmbito demográfico, o desafio já não é apenas um desafio local, mas um problema com um alcance europeu. A nível da transição digital é importante aproximar o território e as pessoas através das novas tecnologias aumentando assim o valor das cadeias económicas. Em relação ao desafio climático, os territórios têm que melhorar mas respeitando as políticas ambientais sem que isso impeça o desenvolvimento socioeconómico”.
Da mesma forma, assegurou que é importante um trabalho de convergência da região como um todo para corrigir as assimetrias existentes. Explicou que isto é fundamental para promover dinâmicas de competitividade e isso consegue-se com coesão territorial.
Relativamente ao estudo apresentado esta manhã pelo Eixo Atlântico, o qual considerou “muito completo e útil”, a Secretária de Estado assegurou que contem “umas linhas de ação muito pertinentes, muitas delas já em consideração por parte do Governo”.
María Xosé Galdo, autora do relatório explicou: “É necessário valorizar o mundo rural. Há que trabalhar o sentimento e evitar dar uma visão negativa do rural”.
“Há que definir o rural, já não são só as atividades agrárias. É fundamental a relação da investigação com as iniciativas rurais. Não há dimensão neste tema porque, o que fica aquém é a governação, os lugares que melhores taxas de natalidade têm são aqueles com políticas de igualdade bem sucedidas”.
A Catedrática da Universidade de Santiago de Compostela defendeu que: “Este estudo tem um caráter aplicável e aspira a ser útil dando-lhe voz, fundamentalmente, à sociedade civil. Os Jovens devem conhecer experiências de êxito no rural”.