O mês de junho de 2023 bateu todos os recordes, tornando-se o mais quente de sempre a nível global. De acordo com o boletim climatológico de junho do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a temperatura média global ultrapassou em 0.53 °C o valor médio de referência 1991-2020, superando assim o antigo recorde estabelecido em junho de 2019. Os dados revelam ainda as principais conclusões deste relatório.
Na Europa, a temperatura média do ar foi 0.74 °C superior ao valor médio de referência 1991-2020. Registaram-se temperaturas recordes no noroeste europeu, com destaque para Irlanda, Reino Unido, Bélgica e Holanda, que vivenciaram o junho mais quente de sempre. França e Escandinávia também registaram valores muito acima da média. Em Portugal continental, as temperaturas foram superiores ao normal, com exceção da região sudeste da Península Ibérica. Por outro lado, os Balcãs, Grécia, Turquia e oeste da Rússia tiveram um junho mais frio do que o habitual.
No que diz respeito à precipitação na Europa, verificou-se uma maior humidade do que a média na maior parte do sul da Europa, oeste da Islândia e noroeste da Rússia. No entanto, houve uma maior secura do que o normal numa grande faixa que se estende do oeste ao leste da Europa Central e Oriental, bem como na costa oeste do Mar Negro. As fortes precipitações resultaram em inundações na Turquia, Kosovo e Roménia.
Em Portugal continental, o mês de junho de 2023 foi classificado como muito quente em termos de temperatura do ar e muito chuvoso em relação à precipitação. Foi o 5º junho mais quente desde 1931, com uma temperatura média do ar de 21.92 °C, superando em 2.49 °C o valor normal de referência 1971-2000. A temperatura máxima média atingiu os 28.03 °C, também acima do normal, e a temperatura mínima média foi de 15.80 °C, a 3ª mais alta desde 1931.
Durante o mês, foram registados vários dias com temperaturas diárias acima da média mensal. Destaca-se o período de 23 a 30 de junho, com 4 dias consecutivos (23 a 26) em que as temperaturas máximas apresentaram desvios superiores a 7 °C e as temperaturas mínimas desvios superiores a 5 °C. Ocorreu uma onda de calor com a duração de 6 a 7 dias, afetando as regiões do interior Norte, Centro e Sul.
No que diz respeito à precipitação, registou-se um total de 47.9 mm, correspondendo a 149% do valor normal. Foi o 3º valor mais alto desde 2000. Durante o mês, a primeira quinzena caracterizou-se por condições meteorológicas instáveis, com destaque para as regiões do Norte e Centro e, em particular, para as zonas interiores.
De acordo com o índice de seca PDSI, no final de junho verificou-se uma diminuição da área afetada pela seca meteorológica e da sua intensidade. As áreas com seca severa e extrema diminuíram nas regiões do Vale do Tejo e do Alentejo, mas aumentaram na região do Algarve. A 30 de junho, 85% do território estava afetado pela seca meteorológica, dos quais 26% apresentavam seca severa e extrema.
Estes dados reforçam a preocupação com as alterações climáticas e a necessidade de adotar medidas de mitigação e adaptação para enfrentar os desafios futuros. O IPMA continua a monitorizar e a fornecer informações relevantes sobre o clima, contribuindo para a gestão sustentável dos recursos naturais e a proteção do nosso planeta.