O coletivo Climáximo, que se assume como “Anticapitalista”, faz várias reinvidicações, entre as quais, o desenvestimento “em forças de segurança e na indústria militar – usadas para subjugar e impor formas de opressão e exploração colonialistas e racistas”, e consequente “requalificação” dos trabalhadores do setor “em empregos dignos e úteis para a sociedade”.
Os últimos dias foram marcados por várias ações de grupos ou coletivos que fazem reivindicações para se combater as alterações climáticas. Alguns acabaram mesmo detidos pela polícia por bloquearem algumas ruas de Lisboa. Mas quem são estes manifestantes que se entitulam como “Coletivo Climáximo” e o que defendem?
No website do coletivo, assumem-se como “coletivo aberto, horizontal e anti-capitalista” e apesar de não ser possível obter a informação sobre quem são, o grupo apresentou um conjunto de reivindicações estruturais que considera essenciais para Portugal enfrentar as alterações climáticas.
Segundo o grupo, é imperativo um desinvestimento nas forças de segurança e na indústria militar, propondo a realocação desses fundos para o sector dos cuidados e serviços sociais, bem como a criação de um “serviço nacional do clima” para gerir a transição energética.
Afirma que forças de segurança e defesa devem ser requalificadas em “empregos dignos e úteis para a sociedade”
Consideram que as polícias e a “indústria militar são usadas para subjugar e impor formas de opressão e exploração colonialistas e racistas, e também responsáveis por uma fatia considerável de emissões”. Já quanto aos postos de trabalho dos polícias e trabalhadores das forças e industria militares, defendem que devem ser requalificados “em empregos dignos e úteis para a sociedade”.
Querem terminar com o “colonialismo fóssil”
Sobre o que denominam “colonialismo fóssil”, o Climáximo propõe a expulsão da Galp do sul global, o fim às importações de combustíveis fósseis dessa região e o cancelamento da dívida do Sul Global. O objectivo passa por desmantelar o modelo económico extractivista e o fluxo de recursos do Sul Global para o Norte Global, que consideram ser uma continuação de práticas coloniais.
“A Galp tem de sair imediatamente de Moçambique, tal como de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé and Príncipe e Namíbia”, defendem.
Climáximo quer acabar com empregos desnecessários para travar a crise climática e construir paz social e substituí-los por trabalhos para o clima e emprego nos sectores de serviços básicos
Advogam por um “emprego com propósito” para todas as pessoas, promovendo a criação de empregos que contribuam activamente para mitigar a crise climática e construir paz social. Propõem ainda uma gestão democrática do trabalho, garantindo direitos laborais e promovendo uma redução faseada para 32 horas semanais de trabalho.
Querem que sejam os CEOSs, acionistas e as empresas a pagar a fatura
Outra frente de actuação passa pela responsabilização das empresas, CEOs e accionistas pelos custos da transição ecológica. Propõem que os custos de uma transição justa sejam suportados por aqueles que consideram ser os culpados pela crise climática, nomeadamente através da cobrança aos accionistas e CEOs das empresas fósseis.
Justiça racial e de género durante transição
No que toca à justiça racial e de género, o grupo deseja estabelecer critérios claros e monitorizáveis em todos os processos políticos de transição, desmantelando as diferentes violências estruturais e garantindo a participação activa de grupos oprimidos nas políticas climáticas.
Reivindicam que Portugal pague às ex-colónias por “dívida histórica”
Reconhecem ainda uma dívida histórica de Portugal devido à colonização e à sua dívida ecológica, propondo o pagamento desta dívida aos povos colonizados, sem colocar em causa a sua soberania.
Viajar de avião, só se não houver alternativa
Por fim, no sector da aviação, o Climáximo apela a uma redução significativa do volume de voos, com o objectivo de alcançar uma aviação virtualmente zero até 2030, devido ao impacto significativo desta indústria no clima. Pretendem um “decrescimento da aviação comercial e dando prioridade apenas a voos de emergências humanitárias e a distâncias longas que não têm nenhum método de transporte alternativo”.
Defendem “Liberdade de Movimento para Pessoas, não para o Capital”
O Climáximo aborda também a questão da mobilidade humana face às restrições capitalistas. O grupo defende a proteção, liberdade de movimento e os direitos sociais, políticos e cívicos de todas as pessoas migrantes. Entre as medidas propostas, incluem a abertura de fronteiras com processos simplificados para acolher migrantes, criação de rotas seguras e dignas para refugiados, e o acesso a direitos de cidadania após dois anos de residência. Advogam ainda pelo acesso imediato de migrantes a direitos básicos como serviços essenciais, direito à associação e direito ao trabalho.