Numa altura em que se assinala o Novembro Azul, dedicado à saúde masculina e, em particular, à sensibilização para o cancro da próstata, um estudo conduzido pelo Prostate Cancer UK revela dados preocupantes quanto à conscientização masculina acerca desta patologia. O estudo indica que dois em cada três homens estão alheios ao facto de que o cancro da próstata pode desenvolver-se sem sintomas iniciais evidentes, potenciando riscos de diagnóstico em fases avançadas e consequências potencialmente fatais.
A investigação revela também que quase metade dos inquiridos masculinos (44%) são incapazes de identificar a localização da próstata, evidenciando uma lacuna significativa no conhecimento sobre a anatomia e saúde próprias. Este desconhecimento pode levar à procrastinação de exames fundamentais, como o teste do PSA, sob o equivocado pressuposto de que a presença de dor é um indicador necessário para a realização do rastreio.
Em comunicado, o diretor do Instituto de Terapia Focal da Próstata e médico no Instituto Português de Oncologia do Porto, José Sanches de Magalhães, sublinha a urgência de uma melhor literacia em saúde e de uma atitude proativa por parte dos homens relativamente ao seu bem-estar e à vigilância regular de saúde, enfatizando a importância da consulta urológica para esclarecimento e despiste.
O estudo mostra ainda que as mulheres desempenham um papel crucial na saúde dos parceiros, estando mais informadas sobre a doença e incentivando os homens a procurarem avaliação médica. Apesar de a maioria dos homens reconhecer a importância de um diagnóstico precoce, um terço hesita em procurar ajuda profissional. Curiosamente, 39% dos homens referiram que precisariam testemunhar um caso de cancro da próstata num conhecido para se motivarem a marcar uma consulta.
O relatório da American Cancer Society complementa estes dados ao referir que cerca de um em cada oito homens será diagnosticado com cancro da próstata ao longo da vida, com a maioria dos casos a serem identificados após os 65 anos.
A intervenção de José Sanches de Magalhães destaca a relevância de atenção a sintomas como:
- Formação de massa ou alterações tácteis como um espessamento ou nódulo;
- Emergência de uma nova mancha ou mudanças evidentes numa mancha pré-existente;
- Feridas persistentes que não cicatrizam adequadamente;
- Rouquidão ou uma tosse persistente que não resolve com o tempo habitual;
- Modificações importantes nos hábitos intestinais ou urinários;
- Desconforto contínuo após as refeições;
- Dificuldade notória para deglutir;
- Variações de peso inexplicáveis, quer seja um aumento ou uma perda;
- Ocorrência de hemorragias ou qualquer tipo de secreção atípica;
- Sentimento de fadiga intensa ou uma fraqueza desproporcional que não é justificada por esforço ou atividade recente.
O especialista realça ainda a técnica do NanoKnife, um avanço na terapêutica do cancro da próstata que ele próprio introduziu em Portugal. Esta técnica minimamente invasiva, que alia imagens de ressonância magnética a ultrassonografia, permite erradicar células cancerosas com precisão, oferecendo aos pacientes tratamentos eficazes com menor impacto nos tecidos saudáveis e na funcionalidade da próstata.