A expansão da rede do Metro do Porto, anunciada recentemente, trouxe consigo uma série
de decisões que irão moldar o futuro do transporte público na região. A Maia, tem
finalmente um traçado e estimativas para a antiga promessa de uma nova linha no
concelho.
No entanto, salta logo à vista um problema sério. Uma das decisões mais polémicas é a
possibilidade da linha Maia II vir a ser feita em BRT (Bus Rapid Transit), vulgo “metrobus”
em vez de LRT (Light Rail Transit), o já conhecido metro ligeiro. Aqui, argumento que a
opção “metrobus” é um erro e que a linha Maia II deve ser construída como uma linha de
metro ligeiro convencional.
- Custo Inicial vs. Valor a Longo Prazo
A linha como metro está orçamentada em 480 milhões de euros e 345 milhões se for em
‘metrobus’. A diferença de custo entre as duas opções parece ser significativa: 135 milhões
de euros. No entanto, é crucial entender que o investimento em infraestrutura de transporte
não se resume ao gasto inicial, mas sim como um investimento a longo prazo. O metro
oferece veículos com maior tempo de vida útil que podem servir a região por décadas sem
grandes necessidades de renovação. Numa escala macro, a diferença ainda é menos
significativa pois o custo de operação do “metrobus” tende a ser mais elevado. - Capacidade e Eficiência
O metro tem uma capacidade significativamente maior do que o “metrobus”. Em horas de
pico, quando a demanda é alta, o metro pode transportar um maior número de passageiros
e com maior eficiência. Além disso, o metro oferece uma viagem mais suave, rápida e com
menos problemas associados ao tráfego rodoviário. - Integração com a Rede Existente
A linha Maia II, ao ser construída como metro, pode ser facilmente integrada à rede
existente do Metro do Porto. Isso facilita a transferência de passageiros entre linhas e
oferece uma experiência de viagem mais coesa. Sem falar no facto, que esta nova linha
servirá como alternativa ao tronco principal do Metro do Porto que já não suporta mais
composições. - Evolução Futura
Embora o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, tenha mencionado que o “metrobus”
pode ser “escalável” para metro convencional, essa transição no futuro pode ser complicada
e cara. É mais sensato investir corretamente desde o início do que arriscar duplicação de
custos e mais atrasos com obras futuras. - Impacto Ambiental
O metro, sendo elétrico, tem um impacto ambiental significativamente menor em
comparação com os autocarros a hidrogénio propostos para o “metrobus”. Numa era em
que a sustentabilidade e preocupações ambientais são cruciais, a opção metro é
claramente a mais ecológica.
Posto isto, a decisão sobre a construção da linha Maia II não deve ser tomada
levianamente. Executivo, partidos e cidadãos da Maia devem-se unir e exigir a decisão
correta. Embora o “metrobus” possa parecer uma opção mais barata à primeira vista, os
benefícios a longo prazo do metro ligeiro superam claramente os custos iniciais. A região da
Maia e seus habitantes merecem uma solução de transporte que seja durável, eficiente e
sustentável.
Nuno Gomes
Arquitecto de Software
Membro da Iniciativa Liberal Maia