Artigo de duas páginas no jornal Nascer do Sol desta sexta-feira garante pressões sobre as empresas envolvidas e contactos diplomáticos entre Portugal e a Suécia.
A recente campanha publicitária da IKEA, que rapidamente se tornou um tópico de debate nacional, enfrentou tentativas de interrupção por parte do Governo e do PS, de acordo com a edição desta sexta-feira, dia 2 de fevereiro, do jornal Nascer do Sol. Com mensagens provocativas espalhadas pelas ruas e nas redes sociais, destacando-se o slogan “Boa para guardar livros. Ou 75.800€.”, a campanha terá gerado desconforto junto de dirigentes socialistas e do partido do governo.
Segundo escreve o Nascer do Sol, a operadora dos mupis, JCDecaux, terá sido uma das entidades abordadas com pedidos para a cessação da campanha, mas optou por manter os planos iniciais, evitando assim a eclosão de uma nova polémica. No entanto, ao NOTÍCIAS MAIA, fonte oficial da JCDecaux esclareceu que “nunca referiu ter sido alvo de pressão para retirar qualquer publicidade relativa à campanha do IKEA (e em particular de qualquer partido político)”, sendo que a informação avançada pelo Nascer do Sol “é falsa e não corresponde à verdade”. A empresa assegura ainda que solicitou, através de uma carta enviada ao periódico, a retificação das informações veiculadas.
Surpreendendo até os seus criadores, o impacto da campanha não foi antecipado, dividindo opiniões no setor publicitário e na sociedade sobre a pertinência da utilização de humor em temas sensíveis durante o período pré-eleitoral. O Nascer do Sol assegura que esta situação levou a várias pressões sobre as empresas envolvidas, incluindo contactos diplomáticos entre Portugal e a Suécia, embora a IKEA afirme não ter recebido pedidos diretos para a retirada da campanha.
A campanha, desenvolvida pela agência Uzina, aludia ao valor encontrado pela PSP no gabinete de Vitor Escária, ex-assessor de José Sócrates e chefe de gabinete de António Costa, durante as buscas da “Operação Influencer”. A situação levou à demissão do Primeiro-Ministro e à queda do Governo, com António Costa a declarar-se envergonhado pelo desconhecimento dos 75.800 euros guardados por Vitor Escária.
Ainda de acordo com o jornal Nascer do Sol, apesar das pressões, incluindo abordagens à agência Uzina por parte de dirigentes socialistas, a campanha manteve-se, e desencadeou uma série de campanhas virais de outras marcas, aproveitando a atenção gerada para promoverem os seus produtos com mensagens de teor semelhante.
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A Comissão Nacional de Eleições (CNE) terá recebido queixas acerca da possível interferência da campanha no processo eleitoral, estando a analisar a situação para determinar se houve violação dos princípios de liberdade de expressão ou influência indevida nas eleições. A comissão deve pronunciar-se nos próximos dias.