Durante a sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, José Pedro Aguiar-Branco, Presidente da Assembleia da República, destacou o sacrifício das últimas vítimas do regime anterior, contrariando o mito de um dia completamente sem derramamento de sangue.
Na comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, no Parlamento, José Pedro Aguiar-Branco prestou homenagem aos militares que lideraram a revolução e recordou os civis que foram vítimas da repressão do Estado Novo naquele dia histórico. No seu discurso, Aguiar-Branco desafiou a perceção comum de que a revolução foi completamente pacífica, citando especificamente quatro vítimas mortais: Fernando Giesteira, Fernando Barreiros dos Reis, João Arruda e José Barneto.
O Presidente da Assembleia da República também fez questão de convidar as famílias dessas vítimas para a sessão solene, uma estreia neste tipo de evento, sublinhando a importância do reconhecimento oficial do seu sacrifício. “É fundamental expressarmos gratidão e reconhecimento a estas famílias que perderam os seus entes queridos na luta pela liberdade que hoje desfrutamos”, afirmou Aguiar-Branco.
Além de evocar as vítimas, o presidente realçou a coragem dos militares envolvidos no golpe de Estado que derrubou a ditadura, lembrando os riscos que corriam. “Se o 25 de Abril tivesse falhado, os únicos que não teriam um amanhã seriam esses homens. Eles sabiam disso e, mesmo assim, escolheram agir”, destacou.
Aguiar-Branco, que também é ex-ministro da Defesa, aproveitou a ocasião para salientar que as ações concretas e a coragem física dos revolucionários foram decisivas para a mudança, contrastando com as “palavras e intenções simpáticas” que muitas vezes caracterizam os discursos políticos.