A assinatura de um acordo de cooperação técnico-militar entre São Tomé e Príncipe e a Rússia alarmou o governo português e outros membros da comunidade europeia. O acordo inclui formação e utilização de equipamentos militares, além de autorizar visitas de aeronaves e navios de guerra russos ao arquipélago.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, revelou em entrevista à SIC Notícias a inquietação de Portugal e de outros países europeus com o recente acordo técnico-militar entre São Tomé e Príncipe e a Rússia. Esta parceria inclui, além de formação, a utilização de armamento e equipamentos militares, bem como a autorização para que aviões e navios de guerra russos visitem o arquipélago.
“Ainda estamos a avaliar a situação, mas a nossa preocupação é evidente, especialmente porque estamos num período de tensões internacionais devido às ações da Federação Russa”, disse Paulo Rangel, apontando para a necessidade de maior clareza sobre os detalhes e implicações deste acordo.
A resposta de São Tomé e Príncipe às preocupações europeias foi rápida. O primeiro-ministro Patrice Trovoada sublinhou a independência e soberania do seu país, afirmando que “não há dramas” e que São Tomé e Príncipe continuará a fazer escolhas diplomáticas e militares conforme considerar adequado, de acordo com a Deutsche Welle.
“Somos um país livre para escolher nossos parceiros internacionais. Este acordo com a Rússia é uma decisão soberana que visa fortalecer a nossa capacidade de defesa e segurança”, declarou Trovoada.
Zacarias da Costa, secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), também se pronunciou sobre o acordo, segundo a mesma fonte, indicando que as relações internacionais dos membros são reguladas por suas próprias políticas soberanas. “Respeitamos as decisões soberanas de São Tomé e Príncipe”, afirmou Costa após reunião com o primeiro-ministro são-tomense.
Este acordo surge num momento em que vários países africanos estão a redefinir as suas alianças militares, com alguns, como Mali, Níger e Burkina Faso, a optarem por cancelar acordos com a França para abraçarem novas parcerias oferecidas pela Rússia.