Uma investigação recente realizada no Reino Unido, envolvendo 2030 homens, revela que a prostatectomia radical robótica, apesar de promovida como um avanço cirúrgico, apresenta impactos significativos na função urinária e sexual dos pacientes. O Instituto de Terapia Focal da Próstata sublinha a importância de considerar uma segunda opinião médica.
A prostatectomia radical robótica é frequentemente apresentada como uma técnica avançada no tratamento do cancro da próstata, prometendo uma recuperação funcional mais rápida e eficaz. Contudo, um estudo abrangente conduzido no Reino Unido, publicado no European Urology, mostra que esta perceção pode não corresponder à realidade dos resultados pós-operatórios.
O estudo, abordado em comunicado pelo Instituto de Terapia Focal da Próstata, que acompanhou 2030 homens submetidos a prostatectomia radical entre 2015 e 2019, revelou que os impactos na função urinária e sexual são significativos. Antes da cirurgia, 97% dos participantes não usavam fraldas e 77% não apresentavam perdas urinárias. Após 12 meses, apenas 65% continuavam sem usar fraldas e só 42% não sofriam de perdas urinárias. Isto indica que um terço dos homens necessitava de fraldas e quase 10% precisavam de mais de uma fralda por dia, mostrando que a incontinência urinária é um problema persistente para muitos pacientes.
Em termos de função sexual, a situação é igualmente preocupante. No início do estudo, 52% dos homens relataram ter ereções suficientes para a penetração sem a necessidade de medicamentos, mas este número caiu para 17% um ano após a cirurgia, com apenas 6% mantendo esta capacidade sem ajuda farmacológica. Estes dados indicam uma diminuição significativa na função erétil, afetando severamente a qualidade de vida sexual dos pacientes.
Estes resultados são cruciais para desmistificar a perceção de que a prostatectomia radical robótica está isenta de impactos funcionais adversos. Tanto a incontinência urinária como a disfunção erétil são comuns após a cirurgia. É essencial que os pacientes sejam informados sobre os potenciais efeitos secundários, incluindo a sua frequência e duração. A comunicação aberta com o urologista é fundamental, permitindo que os pacientes façam perguntas detalhadas sobre as diferentes opções de tratamento e compreendam plenamente as implicações de cada uma.
Além disso, a procura de uma segunda opinião médica pode ser extremamente benéfica. Consultar outro especialista pode oferecer uma perspetiva diferente e mais abrangente, ajudando os pacientes a tomarem decisões informadas sobre o seu tratamento.
De acordo com o Dr. José Sanches Magalhães, fundador do Instituto de Terapia Focal da Próstata, existem alternativas que podem ser sugeridas pelo médico ou urologista numa consulta de segunda opinião. “Enquanto as terapias radicais têm efeitos secundários muitas vezes irreversíveis, a Terapia Focal tem a vantagem de preservar as funções urinária e sexual, com uma recuperação muito rápida, embora nem todos os pacientes sejam candidatos a esta modalidade”, explica Sanches Magalhães.
Neste contexto, o Dr. Sanches Magalhães destaca a “eletroporação irreversível – também conhecida por Nanoknife – posta em prática com base na fusão das imagens de ressonância magnética e ecografia, preservando as funções urinária e sexual. Esta técnica permite tratar o cancro da próstata em cerca de 30 a 90 minutos, através de uma intervenção minimamente invasiva, sendo possível ter alta no mesmo dia”, afirma o médico.
Em resumo, segundo o mesmo comunicado, enquanto a prostatectomia radical robótica pode oferecer benefícios em certos aspetos do tratamento do cancro da próstata, os pacientes devem estar cientes dos impactos funcionais significativos que podem ocorrer. Uma abordagem informada e consciente, com discussão detalhada dos possíveis efeitos adversos e a consideração de uma segunda opinião, é essencial para garantir que os pacientes tomem decisões baseadas numa compreensão completa dos riscos e benefícios envolvidos.