A ginasta maiata Filipa Martins vai competir pela terceira vez nos Jogos Olímpicos, desta vez em Paris 2024, com o objetivo de alcançar a final do concurso completo em ginástica artística, após superar várias lesões ao longo da sua carreira.
Aos 28 anos, a maiata Filipa Martins iguala o feito de Ana Rente (trampolim) e Esbela da Fonseca (ginástica artística), que também participaram em três edições dos Jogos Olímpicos. Esta participação em Paris vem aumentar o impressionante currículo da ginasta, que já tem um movimento homónimo inscrito no Código oficial da ginástica e foi a primeira portuguesa a alcançar uma final num Campeonato Europeu, nas paralelas assimétricas, em 2021.
O 21.º lugar alcançado nos Mundiais de 2023, e o quarto entre as atletas sem quota para Paris 2024, garantiu-lhe a tão desejada qualificação. Este ciclo olímpico foi marcado por lesões e problemas físicos, que Filipa espera agora ter superado, de acordo com uma entrevista à agência Lusa. “Temos tido várias competições a correr bastante bem. Estamos contentes com o percurso até aqui, estamos no bom caminho. Está perto, mas ainda falta um bocadinho. Estamos ansiosos, mas a viver um dia de cada vez e dar o nosso melhor”, explicou em entrevista na Maia, onde treina.
O trabalho de Filipa é partilhado com a sua equipa, liderada pelo treinador José Ferreirinha. A ginasta tem-se mantido ao mais alto nível, apesar dos muitos anos de treino e impactos. “Não tenho nenhuma lesão específica, [mas] tenho lesões crónicas de demasiado treino, demasiados anos, demasiados impactos. Tento gerir o treino por causa disso. Tenho já cinco cirurgias. Há dias que acordamos melhor e outros pior”, acrescentou.
Filipa Martins orgulha-se de ver a ginástica tornar-se uma modalidade com carreiras cada vez mais longas, destacando que há muitas ginastas internacionais com mais de 25 anos, incluindo a portuguesa e a ‘superestrela’ Simone Biles, de 27 anos. “Quando eu entrei, acabava ali nos 18, 20 anos. Já se dizia que eram velhas. Temos a exceção da Oksana Chusovitina, com 49 anos ainda a praticar. Dizia ela que queria continuar até aos próximos Jogos… é sempre bom. A evolução dos aparelhos também nos permite sofrer menos um bocadinho com tantos impactos”, refletiu.
Apesar de estar focada em Paris 2024, Filipa não pensa ainda em Los Angeles 2028, preferindo viver um dia de cada vez. Mesmo assim, reconhece que já se vê como parte da história do desporto português, pelo efeito “muito gratificante” de ter crianças que a idolatram e seguem o seu trabalho.
O 17.º lugar histórico nas paralelas assimétricas em Tóquio 2020, com um 43.º lugar no concurso completo (foi 37.ª no Rio 2016), é uma fasquia para nova participação olímpica, embora esta esteja sempre condicionada à sua disponibilidade física. “Depende sempre do meu corpo, hoje em dia é um bocadinho assim. Um dos principais objetivos é conseguir a final do ‘all around’, logo no dia 28 [segundo dia dos Jogos, e data da qualificação do concurso completo] saberemos. É o nosso principal objetivo. É também aproveitar mais uma experiência incrível, [porque] a última foi muito condicionada por causa da covid-19”, afirmou.