O FC Porto apresentou os resultados da auditoria forense realizada pela Deloitte, identificando irregularidades financeiras que totalizam 58,6 milhões de euros ao longo das últimas 10 épocas desportivas. As conclusões foram publicadas no Portal da Transparência do clube e incluem perdas significativas com bilhetes, comissões e benefícios indevidos.
O relatório da auditoria forense, divulgado pelo FC Porto esta quarta-feira, dia 15 de janeiro, revela um impacto financeiro negativo de 58,6 milhões de euros nas contas do clube. Entre as irregularidades apontadas, destacam-se perdas de 5,1 milhões de euros associadas à bilhética, 50 milhões em comissões excessivas em transferências de jogadores e despesas indevidas relacionadas com a claque Super Dragões.
No que diz respeito à bilhética, o relatório aponta dívidas por saldar no valor de dois milhões de euros relativas a bilhetes entregues e não pagos pelos Super Dragões. A ausência de documentação justificativa para transações com as Casas do FC Porto resultou em prejuízos adicionais. Além disso, o clube foi lesado em 850 mil euros devido a descontos indevidos aplicados ao valor facial dos bilhetes e em 340 mil euros por ofertas de bilhetes para jogos de grande valor comercial, como o FC Porto-Barcelona, em celebração do aniversário da claque.
Outro ponto crítico identificado foi o apoio logístico aos Super Dragões, que gerou perdas de 1,45 milhões de euros em despesas indevidas, incluindo o uso de recursos do clube para financiar viagens pessoais de membros da direção da claque para destinos como Maldivas, Cuba e Ibiza, sem qualquer relação com jogos do clube. Além disso, cerca de 800 mil euros adicionais foram pagos em deslocações consideradas elegíveis nos termos do protocolo vigente.
Na análise às transferências de jogadores realizadas ao longo da última década, a auditoria revelou que o FC Porto pagou 155,8 milhões de euros em comissões, excedendo os limites definidos pela FIFA em 50 milhões de euros. Em 61% das entradas e 27% das saídas de jogadores, as comissões ultrapassaram os referenciais de mercado, enquanto 95% das renovações de contrato analisadas excederam os limites de 3% do salário bruto.
A auditoria foi realizada pela Deloitte como parte de uma promessa eleitoral do presidente André Villas-Boas, que assumiu a liderança do clube há um ano. O objetivo, segundo o presidente, é garantir maior transparência na gestão financeira e implementar medidas corretivas. As conclusões da auditoria serão disponibilizadas ao público no Portal da Transparência do clube.